Por Milton Corrêa da Costa
Em 2011 inúmeros foram os casos de prática de bullyng registrados nos país. Alguns denunciados pela mídia. Outros sequer chegaram ao conhecimento dos meiois de comunicação social. No final de 2010, um brutal caso de bullyng ainda encontra-se bem vivo em nossas mentes. Um caso ocorrido na capital paulista quando um jovem teve o rosto desfigurado, com lâmpadas fluorescentes, pelo ataque de surpresa de um grupo de vândalos homofóbicos. A vítima fazia parte de um grupo de três jovens que simplesmente transitavam, durante a madrugada. por uma via pública. As câmeras de segurança mostraram o ato bárbaro e sobretudo covarde. A vítima teve politraumatismo no rosto e na cabeça. Dois dos agressores eram menores de idade, portanto inimputáveis perante a lei. O único agressor maior de idade ( 19 anos) identificado e preso à época não se sabe se continua em tal situação de privação de liberdade. É mais razoável que já esteja em liberdade face à benevolência da lei penal brasileira que protege criminosos de toda a espécie. A homofobia, seguida de prática de bullying, é um crime de discriminação atentatório aos direitos humanos e precisa ser tipificado na lei penal e punido com o máximo rigor.
O bullying é um termo inglês empregado para descrever todo tipo de comportamento agressivo, cruel, desumano, bestial, intencional e repetitivo, praticado por um indivíduo ou um grupo, cujas vítimas são os mais frágeis, sendo transformados em simples objetos de diversão e sadismo, explicam os psicopedagogos. Uma prática perigosa e comum que também ocorre em escolas e universidades maquiado com o nome de “trote de adaptação”. Quando uma gangue de jovens, skinheads, radicais homofóbicos ou alguns torcedores de futebol (bandidos arruaceiros) espancam ou matam pessoas indefesas, em menor número, também se dá uma prática de bullying.
Nas escolas e universidades geralmente o bullying ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente. São brincadeiras maldosas, intimidatórias, humilhantes e desumanas, as vezes chegando, além da tortura física, à tortura psicológica. O bullying, segundo estudiosos do tema, é responsável inclusive por índices consideráveis de suicídios e homicídios entre estudantes no Brasil. É uma prática abominável e inaceitável. De acordo com a médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, autora do livro “Bullyng: Mentes Perigosas na Escolas”, tais atos de violência não apresentam motivações específicas ou justificáveis.
A realidade é que constantemente há notícias, no Brasil, de trotes bestiais em estabelecimentos de ensino de fundamental, médio e terceiro graus, além de práticas de homofobia gerando graves sequelas nas vítimas. As consequências na vida de quem é alvo deste tratamento degradante são muitas. Tempos atrás se teve conhecimento de que estudantes da Universidade Estadual de São Paulo ( UNESP), durante os jogos oficiais. foi em outubro de 2010, organizaram um ataque de surpresa às universitárias obesas no que foi chamado de “rodeio das gordas”. Os estudantes se aproximavam das meninas, agarravam-nas e montavam em cima delas. Os “peões” tinham que permanecer em cima delas até oito segundos enquanto as vítimas se debatiam. O cúmulo da imbecilidade.
Tais práticas de sadismo e humilhação têm que ser, portanto, objeto de repúdio permanente de toda a sociedade. È preciso denunciar o bullying. No Estado do Rio de Janeiro, desde 2010, há uma lei que obriga à direção de escolas a fazerem o registro de casos de bullyng. Quanto mais cedo o problema for enfrentado, melhores os resultados futuros. Cabe à direção de colégios e universidades e representantes das minorias unir forças no sentido de buscar alternativas no combate ao bullying. Em primeiro de fevereiro próximo iniciam-se os períodos letivos. Olho vivo na prática dos trotes. Os pais também precisam fazer o monitoramento dos filhos possivelmente vítimas do bullyng.
Humilhações e sadismo são práticas abomináveis que ferem frontalmente os direitos humanos. Bullyng por si só ou homofobia seguida de bullying são práticas inaceitáveis sobre as quais toda a sociedade deve se insurgir e a justiça jamais tolerar, punindo-se, com rigor, os autores do constrangimento ilegal, da tortura e da agressão física e psicológica às minorias. Lugar de sádicos, covardes e torturadores é na cadeia. Ninguém pode ser por discriminado por raça, cor, credo, sexo, sexualidade, grau cultural ou condição social. Vivemos sob a égide de um estado democrático de direito onde o respeito ao próximo é um dever de todos. Que tipo de gerações, violentas e intolerantes, estamos criando?
Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro