Uma das prioridades do governo Flávio Dino para a saúde é melhorar a qualidade dos serviços da rede pública e trabalhar a valorização dos profissionais envolvidos na área. Na última semana, Dino indicou o médico Marcos Pacheco para conduzir a pasta. Em entrevista, ele fala sobre as prioridades da secretaria.
Quais serão as prioridades da pasta para desenvolver uma política de saúde inclusiva e que atenda a todas as regiões do Estado?
Nosso foco é a redução dos indicadores de morbimortalidade infantil e materna, bem como a redução das complicações das doenças de curso crônico, principalmente hipertensão arterial e diabetes (responsáveis pela alta demanda de leitos hospitalares). Para fortalecer esse foco entre os técnicos da nossa pasta, estamos propondo um lema: “toda criança assistida, toda gestante acolhida e todo idoso bem cuidado”. Para tanto, precisamos reforçar as redes assistenciais, melhorar os fluxos de atendimento e estabelecer protocolos clínicos que universalizem as ações e serviços prestados à população.
Qual será a política adotada para colocar em funcionamento os hospitais que hoje estão fechados e sem atendimento?
Vamos conversar e negociar caso a caso. Estes hospitais precisam tornar-se um serviço útil. Quanto à natureza desse serviço, vamos discutir com os gestores locais, prefeitos, para abraçarmos a melhor alternativa dentro das possibilidades e necessidade de cada região. Podem permanecer como unidade de internação ou modificar sua natureza assistencial de acordo com as necessidades locais. Como disse cada caso é um caso. Precisamos de Centro de Especialidades, precisamos de Centros de Reabilitação, precisamos de Centros de Atenção Psicossocial etc. Assim, vamos discutir cada caso e abraçarmos a melhor alternativa.
Entre as propostas apresentadas por Flávio Dino durante o período de disputa eleitoral consta o Mais Médicos no Maranhão e a implantação de Hospitais Regionais no Estado. De que maneira a Secretaria de Saúde irá se organizar para pôr em prática essas propostas?
Precisamos instituir um plano de carreira para os médicos e progressivamente para os outros profissionais também. E nesse caso, vamos iniciar pela qualificação da Atenção Básica, serviços prestados nas Unidades Básicas de Saúde, porque é neste nível assistencial que podemos reduzir a demanda por internações. A Atenção Básica deve funcionar como um “cinturão de proteção” da comunidade. Se o médico, o enfermeiro e os outros profissionais que aí trabalham foram bem valorizados e qualificados, 80% dos problemas de saúde podem e devem ser resolvidos neste nível assistencial, evitando o sofrimento da busca por hospitais, muitas vezes lotados, causando mais sofrimento. Mas também no nível hospitalar precisamos atuar, tornando os atendimentos mais acolhedores, humanizados e resolutivos.
O diálogo permanente com os profissionais de saúde também foi uma bandeira levantada por Flávio Dino. De que modo o senhor coordenará esse diálogo?
Vamos fazer logo no início da gestão um seminário com representantes da todas as categorias e entidades da área da saúde. Precisamos ratificar e priorizar o produto das discussões com esses profissionais e as entidades representativas do campo da saúde. Desta feita, à frente da gestão, de modo que possamos fazer um trabalho de gestão estratégica e participativa, compartilhada com todos os maranhenses. A responsabilização das melhorias deve ser de todos, todos juntos pela mesma causa: a melhoria da saúde do Maranhão.
A atenção básica é outro ponto forte das ações de governo anunciadas por Flávio Dino durante a campanha. Como o senhor pretende trabalhar essa questão?
A Atenção Básica será uma grande prioridade nossa porque acreditamos que o seu fortalecimento é essencial para a melhoria da saúde do nosso Estado. Precisamos “atacar” a doença no seu início. Precisamos assistir nossas crianças para que elas não precisem ir ao hospital, precisamos acolher nossas gestantes para que elas tenham um parto saudável de uma criança sadia e precisamos cuidar bem dos nossos idosos para que eles não tenham complicações de suas doenças, que muitas vezes são inevitáveis, a doença, mas não a sua complicação, que causa maior sofrimento. E esse é um trabalho que se inicia na Atenção Básica. Ela, a Atenção Básica, deve ser a ordenadora do sistema.