O senador Aécio Neves (MG) demonstrou a interlocutores neste fim de semana o interesse em reassumir a presidência do PSDB, cargo do qual se afastou interinamente em maio, depois de ter sido citado na delação premiada do grupo JBS.
Na época, teve conversa gravada com Joesley Batista, negociando o recebimento de R$ 2 milhões, entregues a seu primo Frederico Pacheco, que cumpre prisão domiciliar – nesta segunda-feira (31), a Procuradoria Geral da República (PGR) voltou a pedir a prisão do senador.
O senador Tasso Jereissati (CE), que responde interinamente pela presidência do partido, deve entregar o posto a Aécio na próxima quarta-feira, conforme combinado no último dia dos trabalhos legislativos, em julho.
A volta de Aécio ao comando do PSDB também interessa ao governo porque o mineiro defende a permanência do partido no governo, enquanto Jereissati defende que o partido entregue os cargos.
De acordo com as discussões travada dentro do partido, após receber a presidência, Aécio deveria convocar a Convenção Nacional do PSDB para eleger uma nova executiva.
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, já se movimenta para que o novo presidente da sigla seja de seu grupo político. Isso facilitaria a indicação do nome do governador na disputa eleitoral do ano que vem.
No último fim de semana, Aécio Neves retomou as articulações políticas com maior desenvoltura. Ele participou de jantar no Palácio do Jaburu, convidada pelo presidente Michel Temer.
A reunião com aliados teve o objetivo de avaliar mapa de votações na Câmara da denúncia oferecida contra Temer pela Procuradoria Geral da República.
Nas contas feitas junto com Temer, a bancada do PSDB na Câmara está dividida ao meio e deve dar pelo menos 21 votos para barrar a denúncia contra o presidente.
Aécio foi mais explícito em suas pretensões de voltar à presidência do PSDB em almoço na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Na conversa com políticos de vários partidos, ele disse que vai se defender e demonstrou disposição para retomar suas atividades políticas na totalidade, inclusive a presidência do PSDB, da qual se afastou depois de citado na delação de Joesley Batista.
Ele chegou a dizer que precisa assumir todas as funções para as quais foi eleito.
Aécio diz contar com apoio de importantes setores do partido e que o PSDB é majoritariamente favorável à permanência no governo Temer.
O senador avaliou que o partido não teria espaço político para se posicionar caso vote contra Temer, ou seja, a favor da continuidade da denúncia contra o presidente da República.
Blog da Cristiana Lobo