Dados divulgados pela consultoria Radar Governamental revelam um inchaço de quase 50% nas Secretarias estaduais do governo Carlos Brandão em 2023. A informação foi publicada pelo site Valor Econômico.
No cenário nacional, o Maranhão desponta na frente de todos os estados com o maior número de pastas, sendo 41, quase o dobro na comparação com 2019, quando a Administração Pública contava com 22 secretarias. Em seguida, vem o Piuaí com 40 órgãos.
Pela classificação da Radar Governamental, havia no Brasil, no início do ano, sete Estados governados por legendas de esquerda, 19 administrados por partidos de direita e um comandada por um político de centro. Embora governe pouco mais de um quarto dos Estados, a esquerda detêm cerca de um terço das secretarias estaduais. “Há uma tendência, mas naturalmente não é possível afirmar que um governo de esquerda vai ter sempre mais secretarias que os de direita”, comenta sócia-fundadora da Radar Governamental Juliana Celuppi.
O cientista político George Avelino, do Centro de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getulio Vargas (Cepesp/FGV), participou de uma pesquisa que analisou a estrutura das secretarias em nove Estados entre 1995 e 2018.
De acordo com o estudo, o crescimento das pastas estabilizou entre 20 e 24 nos últimos anos. Segundo Avelino, não houve diferença significativa na distribuição entre governos de esquerda, direita e centro no período analisado por ele, mas o resultado das eleições legislativas pode ter influenciado a distribuição de cargos em Estados onde a esquerda saiu vitoriosa no último pleito.
“Geralmente você distribui as secretarias em troca de voto e apoio legislativo, o mesmo que acontece em torno das votações no Congresso Nacional. O fato é que a esquerda, embora tenha tido sucesso nas eleições executivas, não alcançou desempenho equivalente no Legislativo”, afirma.
“No Maranhão há uma sucessão do Flávio Dino, como ocorreu com Wellington Dias no Piauí. Os dois tinham candidatos e saíram candidatos a senador. Se você ganha a cabeça de chapa e o Senado, que era vaga única, não sobra muito para os outros. Talvez seja um mecanismo para compensar e ganhar o apoio de outras legendas”, diz Avelino.
O cientista político ressalta que é difícil avaliar o impacto da distribuição de cargos nas votações pró-governo nas Assembleias e que o inchaço da máquina administrativa pode ser um tiro no pé dos governadores: “Imagina governar com 41 secretários. É uma coisa de doido, com todo mundo querendo dinheiro para fazer alguma coisa. Não estou dizendo que tenha que ter uma, duas ou três, mas 41 é um sacrifício até do ponto de vista de coordenação dos esforços.”