Em algumas cidades pelo Brasil, a música tema do Carnaval de 2013 poderia ser a marchinha “Me dá um dinheiro aí”, dos irmãos Homero, Glauco e Ivan Ferreira. Mas isso se houvesse a folia.
Com dívidas herdadas de gestões anteriores e apertando os cintos dos municípios, novos prefeitos estão reduzindo a quantia repassada para desfiles e blocos, adiando e até cancelando a folia. Tudo por causa da falta de verbas.
Alguns alegam também que as administrações passadas não organizaram a festa e não há mais tempo para fazer isso.
Ao menos duas capitais já cancelaram desfiles, medida também adotada por pelo menos mais dez cidades.
Em outras cinco, a folia foi reduzida ou até adiada.
Em Florianópolis, o desfile das escolas de samba foi cancelado porque o município, com dívidas de R$ 100 milhões, decidiu não repassar R$ 3 milhões para as agremiações. A verba, diz o prefeito Cesar Souza Júnior (PSD), irá para saúde. Blocos estão mantidos.
São Luís (MA) e Petrópolis (RJ) cancelaram seus desfiles e também destinarão os recursos para a saúde.
Em Diamantina (MG), um dos carnavais mais famosos do país ficou sob ameaça de cancelamento, mas a prefeitura anunciou nesta semana a festa com o mote “carnaval econômico mas com alegria”.
A ideia é investir metade do R$ 1 milhão habitual. O prefeito interino Maurício Maia (PSDB) diz que herdou dívida de R$ 5 milhões. A indefinição prejudicou a venda de abadás dos principais blocos. São esperados 30 mil turistas.
Também não haverá Carnaval em Ilhéus (BA). Por lá, a solução que a prefeitura tenta é no mínimo curiosa: transferir a folia para o feriado da Páscoa, fazendo uma festa com “motivos de Semana Santa”.
Outro carnaval adiado foi o de Porto Velho (RO). Sem data, pode nem acontecer.
Em São Paulo, foram canceladas festas em São Carlos, Barretos, Caçapava, Guaratinguetá, Lorena e São José dos Campos -nesta última, houve problemas nas contas na folia do ano passado.
Em Guaratinguetá, as agremiações já tinham contratado passistas do Rio e de São Paulo. “60% do carnaval já estava pronto. Ninguém está nem aí”, afirma o presidente da Acadêmicos do Campo do Galvão, João Eduardo Santos.
As festas serão mais curtas em Araraquara e Taubaté. Em Campinas, vai durar só dois dias e não terá trios elétricos.
OUTRO LADO
Dário Berger (PMDB), ex-prefeito de Florianópolis, disse que deixou verba reservada e o desfile foi cancelado porque a atual gestão discorda do modelo de financiamento.
O ex-prefeito de Caçapava Carlos Vilela (PSD) afirmou que não deixou a prefeitura endividada. A ex-secretária de Cultura de Campinas Renata Sunega culpou a falta de organização da gestão anterior.
A Folha não localizou os outros ex-prefeitos.