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Comissão da verdade para sabermos quem votou a favor de Donadon

Por Milton Corrêa da Costa

A recente e mal cheirosa absolvição política do deputado-recluso Natan Donadon, onde a decisão condenatória e legal do Poder Judiciário, sobre os crimes de formação de quadrilha e peculato praticados pelo parlamentar em questão, foi desprezada, é o golpe de misericórdia desferido frontalmente na boca do estômago do povo brasileiro. Um golpe baixo, sujo, secreto, imoral, anti-ético, corporativista e conivente com o crime.

O povo deveria, inclusive, sair as ruas, não como os vândalos arruaceiros, mas pacificamente para exigir a constituição de uma Comissão da Verdade para investigar e divulgar, publicamente, a lista (podre) dos deputados que, em mais um balcão de negócios, votaram pela manutenção do cargo de Donadon. Se é que de fato queremos mudar alguma coisa no país, este deveria ser o ponto de partida da mudança. O direito de cada cidadão saber quem faz parte da lista que votou pela falta de ética e a favor da imoralidade.

Pior ainda de quem votou secretamente a favor do deputado-presidiário que compareceu algemado ao plenário, foi quem se absteve -alguns estavam em justificada licença médica- da votação que acabou de enlamear a política brasileira, com o intuito de beneficiar. mais a frente, deputados, quadrilheiros do escândalo do mensalão. Vergonha com todas as letras.

O que dizer ao mundo? O que dizer aos nossos filhos? Como explicar, por exemplo, o exercício do mandato de um deputado federal com o nome na lista da Interpol? A falta da ética na política brasileira chegou mesmo ao limite do poço. Daí não passa mais. A sociedade brasileira, com toda razão, está mais indignada ainda. O deputado Natan Donadon continuará, sendo tratado, mesmo no cárcere,, de “Vossa Excelência”. Vergonhoso,

Pois bem, a partir de agora, enquanto os que votaram secretamente pela manutenção do mandato do parlamentar e os que se abstiveram ardilosamente do voto estiverem no repouso de seus lares ou em seus momento de lazer, contingentes da Polícia Militar, contra quem se cospe, atiram pedras e bombas incendiárias, tentarão conter, em nome da ordem pública, o ímpeto ainda mais agressivo dos vândalos arruaceiros que destroem o patrimônio público e privado, impedem o direito de ir e vir e cuja própria benevolência da lei os solta apressadamente aos serem detidos.

O fato é que o 28 de agosto de 2013 é um dia para ser esquecido e apagado da história política brasileira. Uma data pouco nobre, mas que no entanto espera-se que seja o ressurgir de uma nova era com o fim do indesejável voto secreto, um instrumento sujo de uma política mal cheirosa e anti-ética.

Milton Corrêa da Costa é tenente coronel da reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

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