A operação policial na cracolândia se tornou o assunto de São Paulo neste começo de 2012. A cobertura dos jornais e da TV leva o drama da região da Luz para dentro da casa de todos os paulistanos.
Fechar os olhos para o que se vive ali, como a cidade tinha se acostumado a fazer, deixou de ser uma opção. E o crack, que resvalou a campanha presidencial de 2010, parece ter chegado para ficar no debate entre os candidatos a prefeito.
O problema, a mais de oito meses da eleição, é que ninguém sabe se a ação dará resultado. E isso transforma o crack numa arma de risco, tanto para o PT quanto para o PSDB.
A primeira batalha da guerra já está em curso: a disputa pela “paternidade” da tragédia.
O PSDB governa o Estado –ou seja, é responsável pela polícia e pela repressão ao tráfico– desde 1995. O PT administrou a cidade entre 2001 e 2004, período em que não se ouviu falar em melhora no atendimento aos dependentes.
Na melhor hipótese, o eleitor terá a oportunidade de decidir quem tem mais culpa no cartório.
O duelo mais complicado está por vir, e depende da forma como a sociedade, depois de algum tempo, vai julgar a operação.
Os tucanos sonham com uma reprise do que acontece no Rio de Janeiro, onde o governador Sergio Cabral tem conseguido vender a ideia de que as suas UPPs derrotaram o tráfico nas favelas.
O desafio dos petistas é convencer o eleitor de que o governo de Geraldo Alckmin exagerou na repressão e deixou de resgatar os reféns da droga, sem passar a ideia de que “torceram contra” a solução do problema.