Por Abdon Marinho
A sociedade brasileira cada vez mais se mostra chocada e perplexa quando se depara com a verdade. Outro dia foi um rapapé daqui e dali por conta de umas colocações ditas por um ministro do STF sobre fatos que eram do conhecimento de todos e por ninguém ignorados. Me pus a pensar sobre isso.
Não é de hoje que o povo brasileiro vem se tornando molenga, covarde. Os pais não educam os filhos, não querem contrariar as crianças. Esses crescem sem qualquer limites. Amigos que querem parecer educados e não dizem quando o outro está errado. quantos acidentes, crimes não ocorrem porque uma pessoa não teve a coragem de dizer: não faça isso? as vezes estão num carro o motorista começa a desenvolver alta velocidade e ninguém tem coragem dizer que pare ou que não dirija após ingerir álcool. O comportamento covarde não é prova de amizade verdadeira. Amigo que, de fato, possa se dizer assim, é aquele que tem coragem de enfrentar as mais arraigadas convicções do outro e dizer: cara tu estás errado. Cara é hora de parar. O resto é um coleguismo superficial. Mas esse é um fenômeno que não vem de hoje. Esse superficialismo vem condicionando a sociedade há muito tempo. Crianças, jovens e velhos estão se habituando à covardia.
Vivemos dias em que as pessoas pedem desculpas por por discordar. Vejam que absurdo. Ninguém deve pedir desculpas por discordar. A sociedade evolui com a conjugação de ideias e pensamentos díspares. Aqui, querem que as pessoas pensem iguais. Não acham de “bom tom” atribuir as coisas seus significados verdadeiros. Tem sempre um eufemismo. Uma adulação.
Verdade não é sinônimo de grosseria. Você pode discordar sendo cortes. O que me causa espanto, e isso vejo todos os dias, são as pessoas pedindo desculpas por discordar.
O comportamento dúbio, cordeirinho que insistem em cultivar para parecerem educados na verdade é um culto a hipocrisia.
Por essas plagas as pessoas não se comprometem com tese alguma. Têm medo. Outro dia uma pessoa me abordou para dizer que concordava com algo que escrevi mas que não poderia dizer isso publicamente. Chego a ficar impressionado com esse tipo de coisas. Pessoas que ganham o próprio sustento, que ao menos em tese, são livres e independentes não têm coragem, sequer de dizer que concorda ou discorda de algo, com receio de contrariar um amigo poderoso, uma autoridade, etc. Preferem compartilhar uma receita de bolo.
Muitas vezes penso sobre isso. Penso como chegamos a essa sociedade de zumbis de maneirismos, dessa educação de fachada, desses sorrisos falsos, dessa encenação, desse temor sem fim. Ficam com medo de serem marcados, de não conseguirem esse ou aquele favor, de não serem nomeados para aquele cargo que almejam ou de perder aquele contrato vultoso, etc. Não sabem que esse comportamento já é uma marca, um ferro que os tornam escravos, se não fisicamente, com certeza espiritualmente.
Aqui as pessoas cultivam os vícios do atraso. A adulação, o beija-mão ainda fazem parte dos costumes. Senhores e servos encenam com perfeição esse papel. Parece até que estamos numa novela de época.
Certa vez alguém me indagou se não tinha medo de dizer o que digo. Respondi-lhe que não havia sentido em viver sem dizer o que penso.
Pensar e expressar o que se pensa é perigoso, mas é melhor correr o risco que viver uma mentira. Não acham?
Bom dia a todos.
Excelente artigo! Concordo que a falta de sinceridade das pessoas prejudica aqueles, que por falta de um conselho amigo, precipitam-se ao abismo. É lamentável quando um amigo(a) precisa ouvir a verdade sobre atitudes não recomendáveis, no entanto, vem-lhe as bajulações.