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Delegado revela ordem de Portela para monitorar Guerreiro e grampear filhos de desembargadores

“A desembargadora Nelma sempre foi alvo do secretário de Segurança, chegando a falar em colocar escutas ambientais nos seus veículos”, revelou Ney Anderson.

O ex-chefe do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO), delegado Ney Anderson Gaspar, trouxe à tona novos fatos com riqueza de detalhes sobre a atuação da Secretaria de Segurança Pública para investigar desembargadores do Tribunal de Justiça, assessores e filhos.

No documento, obtido com exclusividade pelo Blog do Neto Ferreira, Gaspar escancara fatos graves e destrincha como Jefferson Portela atuava para conseguir os seus objetivos ordenando monitoramento de magistrado, tentando usar interceptações telefônicas e escutas ambientais ilegais. Ele diz também que provas são forjadas para incriminar adversários da SSP e que o chefe da pasta interfere diretamente nas investigações da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC) com o intuito de parar ou direcioná-las.

A reportagem entrou em contato com o delegado que confirmou a autencidade do documento.

A carta agrava a crise institucional que se instalou entre a Corte Judiciária e o governo após o Blog divulgar o depoimento do ex-delegado Tiago Bardal ao juiz da 2ª Vara Criminal de São Luís, José Ribamar D’Oliveira Costa Júnior.

O ex-titular do DCCO reafirma que desembargadores foram alvos de tentativa de investigação a mando de Portela. “A denúncia feita pelo delegado Bardal é totalmente verídica. O secretário de Segurança mandava constantemente que apurássemos algo ilícito de alguns desembargadores, pedia que iniciássemos as investigações pelos assessores, chegando a pedir que inseríssemos em interceptações de facções criminosas o número telefônico desses assessores, conhecida como ‘barriga de aluguel’, porém nunca compactuamos com esses pedidos, pois até então não tínhamos qualquer fato que ensejasse uma investigação preliminar”.

Ney Anderson frisa: ele [Jefferson Portela] sempre falava que ainda iria mandar um juiz ou desembargador para cadeia”. A declaração reforça o que Bardal já havia relatado em depoimento (saiba mais).

Segundo o delegado, o auxiliar do governador pediu para fazer gravações “ilegais” contra a filha e o genro do desembargador Guerreiro Júnior. “O secretário de Segurança pediu algumas vezes para colocarmos o número da filha do referido desembargador, Fernanda, e do seu marido Marcelo”. Ney disse ainda que foi montada uma equipe policial para monitorar o magistrado, pois na semana da deflagração da Operação Jenga era esperado que Guerreiro soltasse o agiota Pacovan com o objetivo de obter vantagens financeiras, uma vez que a filha advogava para o alvo principal da ação.

O Habeas Corpus não foi concedido por Guerreiro Júnior, mas sim pelo desembargador Tyrone Silva. Em virtude disso, segundo Ney Anderson, Portela mandou a equipe de delegados da SEIC fazer uma “reclamação” na Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) contra o togado e que ele iria assinar. O texto diz ainda que delegado tentou impedir o envio do documento, mas não conseguiu. “Este subscritor tentou convencê-lo a mandar para o Ministério Público ou que não assinasse, mas o secretário estava determinado a assinar, foi quando seu assistente ‘Osman’ concordou comigo, mas o secretário ordenou que Bardal assinasse, que qualquer coisa, segundo palavras do secretário, ‘ele segurava'”.

Em outro trecho do documento, o delegado afirma que o desembargador Fróz Sobrinho foi alvo de Jefferson, inclusive detalha que houve um pedido de inserção dos números de dois assessores do magistrado em interceptações, identificados apenas como Eric e Glauber. Glauber é filho do desembargador José Bernardo, da 2ª Câmara Criminal do TJ.

A carta, de 7 páginas, revela que a desembargadora Nelma Sarney sempre foi alvo do secretário de Segurança Púbica, e que o mesmo falou em colocar escutas ambientais nos carros da magistrada, em investigar o irmão chamado Telmo e inserir números dos assessores em interceptações telefônicas, nas quais tinham outro objetivo.

Mais um ponto grave narrado pelo delegado é que Portela chamava juízes da primeira instância de bandidos, entre eles estão Osmar Gomes, Clésio Coelho Cunha e Marco Aurélio.

Ney Anderson rememorou, ainda, fatos relativos ao caso Décio Sá. Ele confirmou que o secretário se irritou ao ver que houve um aprofundamento nas investigações da morte do jornalista e tentou barrar a continuação do procedimento. As informações ratificam o depoimento prestado pelo ex-chefe da Seic (veja também).

“Outro relato que não próspera é que quando o secretário diz que ele mandou que me apresentasse no seu gabinete, pois fui levar espontaneamente os autos e quando o entreguei, ele leu, ficando nervoso e disse estas palavras ‘pensei que vocês já tivessem queimado isso’. Em momento algum mandou entregar os autos para o delegado geral, ficando com ele o procedimento e eu fui embora”, afirmou Gaspar.

No texto, Ney Anderson diz também que ele e a sua família estão recebendo ameaças. “Tentam forjar provas para me incriminar e denegrir minha imagem, devassaram minha vida e da minha família por mais de um ano, inclusive forçar pessoas a fazer delações inverídicas para incluir meu nome, não obtendo sucesso, pois a verdade é um luxo somente para quem não tem nada a esconder”.

Baixe a carta na íntegra aqui.

Depoimento

Em meados do mês de março, o ex-delegado Tiago Bardal prestou depoimento na 2ª Vara Criminal e fez declarações bombas onde colocou o titular da SSP, Jefferson Portela.

Na ocasião, Bardal afirmou que Portela mandou investigar desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão. Além disso, o acusou de engavetar um pedido de reabertura do caso Décio Sá, que foi morto em abril de 2012.

Outro lado

Procurado pelo Blog do Neto Ferreira, o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela afirmou que as informações são mentirosas e que nem Ney Anderson nem Tiago Bardal irão impedí-lo de combater o crime organizado. “Bandido de nenhum tipo irá fazer eu recuar contra o crime”.

Portela pediu também que o autor da carta falasse sobre o motivo pelo qual o fez sair do comando do DCCO.

O corregedor-geral de Justiça, Marcelo Carvalho, afirmou em nota, que “de acordo com o Regimento Interno e o Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça, poderá atuar de ofício ou mediante representação, no que diz respeito à sua função correicional. Assim, para que manifeste qualquer entendimento a respeito de afirmações contra juízes, é necessária a apresentação de provas, a exemplo do mencionado documento, ou representação de parte interessada.”

O juiz Clésio Cunha disse que não é a primeira vez que é chamado de bandido. “Não é primeira vez que gente do Governo do Maranhao me chama de bandido. Deus falou por mim nas outras vezes do TJMA ao STF.”

Em reposta ao Blog, a filha e o genro do desembargador Guerreiro Júnior, Fernanda e Marcelo, disseram que foram monitorados, seguidos em um show em São Luís e que o escritório de ambos foi invadido após a deflagração da operação Jenga pela Polícia Civil.

A nota diz ainda que no dia da deflagração da ação Marcelo e Fernanda foram até a delegacia, pois a filha de Guerreiro Júnior era advogada de Pacovan. No local, o casal foi indagado se Fernanda iria acompanhar o agiota durante a apresentação, uma vez que o plantão seria do magistrado já mencionado acima.

“Na mesma hora Fernanda falou que iria sim acompanhar Pacovan e que não seria antiética ao ponto de solicitar para um outro advogado impetrar um habeas corpus para que o pai dela analisasse.
O que de fato jamais ela faria ou o desembargador Guerreiro analisaria, pois o Pacovan é amigo da nossa família, o que de pronto afasta a possibilidade de tal análise.”

O Blog tentou entrar em contato com os juízes Osmar Gomes e Marco Aurélio, mas até o fechamento da matéria não se pronunciaram.

Procurados, o Ministério Público e a presidência do Tribunal de Justiça também não se manifestaram sobre o caso.

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Maranhão (OAB/MA), informou que seu posicionamento sempre será no sentido de que toda denúncia seja apurada com rigor e responsabilidade.

Os assessores Eric e Glauber, bem como a desembargadora Nelma Sarney, foram procurados, mas não se manifestaram até o momento.

7 thoughts on “Delegado revela ordem de Portela para monitorar Guerreiro e grampear filhos de desembargadores

  1. Mais um delegado denunciando os esquemas desse secretário Portela incompetente usando a polícia para fazer política e perseguir os adversários dos comunistas. Vergonha esse secretário não possui mais moral e integridade para continuar no cargo.

  2. Conheço esse Delegado. Esteve aqui no Vinhais, muito competente. Queria que todos tivesses a coragem dele de denunciar esse Secretáriozinho que sonha em ser deputado federal e só sabe agir politicamente.

  3. Esse Bardal é um bandido, querendo diminuir o secretário para enfraquece-lo, para que ele continue na bandidagem, esse blog deve fazer parte desses bandidos, pra ta fazendo desse Bardal um santo!

  4. A pergunta mais importante, é somente esta: Não são todos sujeitos à investigações? Que medo tem, se os “Juízes e ou desembargadores”, não fizeram nada de errado? Não creio que seriam realizados investigações e ou escutas ilegais. Sabemos que o única forma de se impedir um direcionamento em investigações, é no sentido de barrar e ou confundir as investigações e ou continuação das mesmas. Agora, se há realmente, algo de podre, na ação de alguns juízes e ou desembargadores…

  5. Sabemos que a intenção do Governo Flávio Dino e do Jefferson Portela de certo modo era louvável, bem como apoiável por meio mundo de pessoas sérias deste estado inclusive por uma gama significativa de advogados, de magistrados e membros do MP. Contudo pela imensa dificuldade de colherem provas cabais, uma raridade de ser deixada, se precipitaram e no afã de querer mostrar logo serviço e ganharem notoriedade nacional, de malgrado, atropelaram os ordenamentos legais e acabaram sendo dedurados por esses dois delegados!!! Kkkkkkk

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