Por Abdon Marinho
Aproveitava o silêncio da manhã para fazer uma reflexão. Pensava sobre que estratégias podemos usar para conservar o otimismo em um mundo e em uma sociedade com condições tão adversas. Talvez o verdadeiro desafio seja apenas não ceder ao pessimismo. Apenas em não ceder talvez já seja uma vitória.
As notícias que recebemos diariamente parecem colocar à prova todo sentimento positivo em relação a humanidade. Ali uma guerra que usando métodos ilegais até para própria guerra, dizimou centenas de mulheres, idosos e crianças. Milhares tendo que deixar suas casas, empregos, familiares e amigos para se aventurarem pelo deserto em fuga da guerra.
O terrorismo, como visto ontem no Quênia, mata indistintamente pessoas pelo simples fato destas pessoas estarem no local errado na hora errada.
Como podemos assistir a tudo isso como se não nos dissesse respeito? Como podemos fingir que nada se passa?
Mais próximo a estranha sensação em que vivemos em mundos distintos, onde os poderosos tudo podem sem qualquer temor de ser molestado pela lei ou pela justiça e ainda serem aplaudidos como se o errado fosse o certo e o certo uma abstração tola. Como aceitar como normal esse tipo de coisa?
Ontem vi uma manchete dando conta que um marido(?) perfuraram os olhos da própria esposa. Não tive coragem de ler a matéria o título já me pareceu suficiente para dimensionar o grau de maldade. Como é possível que alguém que dia amou outro perfurar os olhos desta pessoa? Como é possível se causar um mal desta magnitude? Não é possível compreender. Eu, por mais que me esforce não consigo.
Ainda essa semana tive a notícia de uma mãe que matou as duas filhas adolescentes (13 e 14 anos) e o cachorro da família. A que grau de desespero se chega para praticar um ato tão abominável?
O próprio planeta sofre a ação da humanidade. São florestas, rios, Lagos sendo destruídos para ceder lugar ao lucro insano. Como não se dão conta da barbárie que praticam?
Estes são apenas os exemplos dos últimos. Os que consegui lembrar nos dez minutos que redijo esse texto. Muitos outros estão aí a nos assombrar todos os dias, todas as horas.
Apesar de tudo isso há o desafio de não se ceder ao pessimismo, de tentarmos a todo custo, não entregamos os pontos e ceder a bestialidade, de acharmos normal situações tão anormais ou simplesmente dá de ombros e dizer: “é assim mesmo”. Não é. E esse é o desafio, remar contra a corrente, mostrar que a humanidade pode ser diferente, pode fazer algo de bom, como aliás há milhões de pessoas fazendo ao redor do mundo, distribuindo solidariedade, amor e preocupação.
Acredito que a maioria da humanidade seja composta por pessoas boas, entretanto as que compõem a legião do mal se manifestam com tanta intensidade que ficamos com a impressão que são maioria. Não são. Nunca serão.
Em todos lugares surgem os bons exemplos, entretanto esses exemplos não são divulgados. Enquanto o mal é espalhafatoso, a bem é tímido. Enquanto o mal grita, o bem silencia. Milhares de cientistas dedicam suas vidas ao estudo de medicamentos que alivie a dor e o sofrimento, que levem à cura de inúmeras doenças. Outros pesquisam formas de aumentar a produção e aliviar a fome de milhões de pessoas, neste que é um dos males que ameaça a humanidade.
Outros colocam em risco a própria segurança e a vida na defesa da meio ambiente. Quantos não fazem do combate à criminalidade, à corrupção uma missão? Quantos, embora recebendo as propostas mais sedutoras, se mantém firmeza trincheira e não cede as benesses dos dinheiro sujo?
O desafio que temos é nos impor como maioria, é não comprar a maldade como normal, é mostrar aos maus e aos ruins que eles não nos vencerão. Temos que fazer a nossa mensagem de otimismo, de bondade se sobressair em meio a tanta coisa ruim que nos intimida diariamente.
O desafio de enfrentar os malefícios, dizendo todos os dias que não seremos vencidos por eles. Gritando com todas as forças que não derrotarão a humanidade náusea essência.
Esse é o desafio destes dias. Precisamos nos somar e fazer triunfar o bem.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.