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Dino e Ney Bello operam para tirar de Bolsonaro escolha de desembargadores

Cotado para o posto de ministro da Justiça do governo Lula 3.0, o senador eleito Flávio Dino (PSB) e o desembargador Ney Bello trabalham nos bastidores para adiar a votação de novos desembargadores que vão compor o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), sediado em Brasília.

O objetivo da ofensiva é fazer com que seja de Luiz Inácio Lula da Silva e não de Jair Bolsonaro a palavra final sobre a nomeação de seis desembargadores que vão compor o tribunal.

Nesta quarta-feira, em um revés para o atual ocupante do Palácio do Planalto, o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, atendeu a um pedido de uma associação alinhada ao PT e suspendeu a votação. O TRF-1 avalia acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar a decisão.

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) alegou ao CNJ “possível direcionamento político para que as nomeações ocorram em grave cenário de bloqueio de estradas, disseminação de informações falsas e instabilidade político-eleitoral, durante governo de transição na República”.

Essas vagas são importantes porque esse tribunal é a segunda instância dos casos que tramitam em quase metade dos estados brasileiros e no Distrito Federal.

É nesse tribunal que tramitam casos de ampla repercussão nacional envolvendo autoridades do governo federal, como o esquema de tráfico de influência no Ministério da Educação (MEC) sob o comando do pastor Milton Ribeiro e a apuração contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, envolvendo supostas fraudes na atuação de fundos de investimentos.

O TRF-1 tem atualmente 27 desembargadores, mas um projeto de lei aprovado no Congresso recente criou mais 16 vagas. A escolha dos novos membros é feita pelos próprios desembargadores e está prevista para esta quinta-feira à tarde.

A votação gira em torno de um total de 13 vagas, das quais seis deverão ser nomeadas pelo presidente da República a partir de lista enviada pelo tribunal segundo o critério “de merecimento”.

É nessas vagas que Ney Bello e Dino estão de olho. Na última terça-feira (8), os dois se encontraram com o presidente do TRF-1, desembargador José Amilcar Machado, para fazer lobby pelo adiamento da votação.

Segundo relatos obtidos pela coluna, o recado nas entrelinhas foi claro: o de que seria melhor deixar com o novo governo a escolha dos desembargadores.

Favorito para uma das vagas abertas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ney Bello acabou preterido por Bolsonaro. Pesou contra a escolha do desembargador a forte resistência do ministro Kassio Nunes Marques, do STF, ao seu nome, conforme revelou a coluna.

Flávio Dino e Ney Bello são maranhenses e amigos de longa data, desde os tempos de juventude. Nos bastidores de Brasília, há quem veja na ofensiva de Ney Bello para adiar a votação no TRF-1 uma forma de reposicionar a sua imagem diante da nova expectativa de poder, com o retorno de Lula ao Planalto.

Informações da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo

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