O Globo
As revelações da Operação LavaJato enterram de vez as tentativas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ), de se desvincular do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, uma sombra na trajetória do parlamentar desde 2005. De acordo com o delator Júlio Camargo, consultor da empreiteira asiática Toyo Setal, Funaro foi um dos passageiros, no ano passado, de voos em táxi aéreo faturados como parte do pagamento de propina a Eduardo Cunha. Num dos voos, no dia 3 de agosto, Funaro e Cunha viajaram juntos.
Em esquema semelhante ao utilizado contra a Samsung, fornecedora de navios sonda à Petrobras, Cunha teria usado requerimentos
assinados pela então deputada Solange Almeida (PMDBRJ), na Câmara, para pressionar a Schahin Engenharia a pagar uma dívida
cobrada por Funaro.
Investigados pela Procuradoria Geral da República, os voos propina teriam sido pagos por Júlio Camargo, delator do esquema de
corrupção na estatal, para saldar uma dívida residual de R$ 500 mil, a que o deputado julgava ter direito por conta de variação cambial do suborno. Deste total, R$ 200 mil teriam sido quitados em dinheiro e R$ 300 mil em créditos em voos de táxi aéreo.