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Eleições 2014: sem espaço para amadorismo

Por Abdon Marinho

Abdon Marinho.
Abdon Marinho.

O senador Sarney na coluna política/eleitoral que assina n’O Estado do Maranhão, deu a senha para a campanha do grupo governista: Todos os pontos negativos dos opositores serão explorados. Vão além, nas costas do candidato ao governo deverá ser colocado tudo. E já meço jogando pesado, colocando na conta dele (Flávio Dino) todos os mortos do período ‘stanilista’, período em que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, era dirigida por Josef Stalin. Flávio Dino nasceu bem depois de Stalin ter deixado esse plano de existência, quando veio a se entender por gente na vida, o Muro de Berlim já havia caído e a URSS já esfarinhava, ainda assim é o culpado pelas as mortes havidas entre os anos 30 e 50 naquele país. Essa é apenas uma amostra do quão renhida será a batalha.

Mas o que esperar de uma campanha em que o candidato a governador, usando o poder de comunicação de uma emissora de rádio, oferece recompensa para quem se dispor a entregar os ‘poderes’ do adversário?

A ameaça de perderem o poder faz com que o jogo de interesses desconheça quaisquer fronteiras, sejam elas, éticas ou as impostas pela legislação eleitoral. Aliás, o que mais temos visto nesta campanha, são os contendores cometerem algum tipo abuso. Seja na antecipação da campanha, seja nos comerciais dos partidos, etc.

Na medição de força dos abusos, como era de se esperar, a turma governista ganha com larga margem, a começar pela propaganda institucional em que se insinua que se deve continuar com eles, que dizem são eles que cuidam da saúde, da educação, das empresas que aqui se instalam, da produção agrícola – que o incentivo foi fechar a EMATER –, na produção do gás, do ouro e, até no volume de água dos rios. Os candidatos governistas não ficam muito atrás nos abusos, o primeiro candidato, vestido de secretário, saiu pelo interior inaugurando ‘ordens de serviços’, fossem das obras de que fato iria fazer, fosse daquelas que não passaria de meras promessas, pois’, até pela falta de tempo não teriam como levar adiante.

Com a substituição do candidato por outro foi que os abusos prosseguiram. Detentor de forte poder econômico, este tem usado tudo que o dinheiro pode comprar para se promover, ora é o excessivo destaque que tem nas tv’s, rádios, mídia eletrônica e jornais, ora outdoor’s com suposto anúncio de uma revista que antes deste período pré-eleitoral, ao menos não me recordo, nunca fez esse tipo de anúncio de suas publicações, agora, numa feliz coincidência que juntou a fome com a vontade de comer, a cidade está coalhada de anúncios com a foto do candidato em posição de destaque. A legislação proíbe outdoor nas campanhas, para driblar a lei, usam a propaganda da revista, se a justiça eleitoral ‘encrencar’, possuem ‘bala’ para o pagamento da multa.

Tem sido assim desde o começo de abril quando o senador se apresentou como candidato. Logo na semana seguinte, num programa apresentado pela esposa, foi figura de proa com matéria feita com o claro propósito de o destacar.

Na arte do abuso parecem não possuir medida. A última prova de desassombro e ostentação, foi a realização da convenção partidária. Como inspiração – e não ficando devendo em nada –, usaram o modelo das convenções presidenciais americanas. Chega a ser uma afronta aos cidadãos que pensam que, justamente, num dos estados mais pobres do Brasil, numa eleição estadual, se use como modelo as ricas e caras convenções presidenciais, da nação mais rica do mundo. Sem dimensionar o tamanho do abuso ou se darem conta da afronta ao povo maranhense, ainda festejam. Um secretário de Estado publicou numa só palavra o que foi a convenção:

Espetacular. Não foi só isso, foi, foi espetaculosa. Fizeram a convenção para impressionar os participantes, principalmente as delegações do interior que nunca viram algo de tal magnitude. Mostraram a força e que estão dispostos a tudo. Ameaçaram e fizeram o discurso do medo, de que as lideranças serão perseguidas na eventualidade de perderem a eleição.
Um amigo que lá esteve, diferente do poderio afrontoso demostrado pelos governistas, definiu o evento assim: Meu amigo, foi uma covardia.

Os oposicionistas, a menos que sejam tolos, já deviam saber o que viria e o que ainda poderá vir, que o jogo seria e será bruto e não conhecerá limites. Fatos como os que acontecem agora, tenho alertado desde o ano passado, inclusive que iriam colocar na conta do candidato todos os desacertos do socialismo acontecidos em todo o mundo. Já começaram – bem antes do esperado –, colocando na conta de Dino as vítimas do stanilismo, os desacertos da Venezuela de Hugo Chávez. Ainda virão com os acontecimentos de Cuba e da Coreia do Norte.

A exemplo do já disse inúmeras vezes, disputar com o poder não é fácil, disputar com que tem poder há tanto tempo é mais difícil ainda, não há espaço para amadorismo, voluntarismo. A eleição não dependerá unicamente da vontade dos eleitores – nada diferente do que sempre foi –, contará com o poder de articulação, que se saiba desarmar as armadilhas postas ao longo do caminho.

Os oposicionistas, se quiserem vencer, terão que conseguir uma interlocução muito forte com os eleitores e que ela seja capaz de suplantar todo do dinheiro que possuem, o poder da máquina pública que será usado em todo sua inteireza, o força política nas instituições pelos anos de mando no estado.

O roteiro é esse, não há espaço para amadorismo, a disputa, por tudo narrado acima será palmo a palmo.

(No correr da campanha voltaremos a esse tema)

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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