Por Abdon Marinho
Antes de deixar este plano de existência o ex-governador Jackson Lago teve duas mortes antes. A primeira foi a articulação desencadeada pelos poderosos da República que lhe apeou do cargo de governador dois anos após sua eleição. A segunda morte foi o processo eleitoral de 2010, em que muitos com que pensava contar e que se serviram do seu curto governo lhe abandonaram.
Em ambas as mortes predecessora da forte física ele contou com o seu partido. Salvo umas defecções aqui e ali seus companheiros de caminhada estiveram com ele. Quando lhe sobreveio o morte física, que muitos dizem ter sido abreviada por conta das duas mortes anteriores, o seu partido não aceitou o funeral de Estado que propuseram os adversários, preferindo velar-lhe o corpo na histórica sede do partido na Rua dos Afogados, 408, no Centro de São Luís, apesar de todo desconforto que causados aos milhares de amigos, correligionários e militantes que desejavam dar-lhe o último adeus.
Faço esse breve retrospecto apenas para dizer que muito me custa acreditar que esteja em curso a quarta morte do velho líder e fundador nacional do partido.
Outro dia li numa matéria do jornalista Roberto Kenard de que o PDT de Jackson e Brizola estaria caminhando para um apoio ao senador Edison Lobão Filho ao governo do Maranhão. Trata-se de uma informação relevante, principalmente por que divulgada em primeira mão e com riqueza de elementos por um jornalista sério e não por um dos tantos aventureiros que apenas conhecem as vogais e escrevem o que lhe mandam, mas sim de alguém que tem apreço pela notícia e pela verdade dos fatos.
A mesma noticia foi confirmada pelo próprio senador-candidato em reunião com diversos partidos, segundo noticiou uma emissora de rádio. A vaga de candidato a vice-governador oferecida inicialmente ao Partido dos Trabalhadores – PT, seria a moeda de troca, assim como a indicação do deputado do PDT do Maranhão para a vice-liderança do governo federal. O pré-candidato informa, ainda segundo a emissora, que a articulação para atrair os trabalhistas para o seu arco de aliança envolveria a cúpula dos partidos a nível nacional. Ele não disse, mais não tem como escapar a conclusão, que essa articulação envolveria também a cúpula do PT, tendo sido esta a real razão de desistirem da vaga de vice, numa arrumação que pegou de surpresa até a direção estadual do partido que um dia antes, com festa e fanfarra, escolhera seu candidato, para concorrer como vice-governador.
Assim como as cúpulas partidárias (Leia-se: Sarney e Lula), decidiram mover céus e terras pela cassação de Jackson Lago – e fizeram isso desde o primeiro dia de mandato, criando toda sorte de obstáculos e factódes na mídia, insuflando e colocando todos contra o seu governo –, mais uma vez essas cúpulas, acrescida agora da cúpula do PDT se unem para tentar, a revelia do povo, decidirem os destinos do Maranhão. Para essas cúpulas partidárias o povo e seus sentimentos são apenas detalhes.
Assim como, para qualquer um, parecia uma ousadia sem tamanho a apresentação do senador Lobão Filho como candidato à sucessão, do mesmo modo, parece um despropósito vermos no palanque do candidato do PMDB as lideranças do PDT do estado. Significa dizer que a política brasileira atingiu o mais baixo estágio de decadência, onde em nome de conveniências momentâneas e interesses subalternos tudo pode acontecer, todo tipo de acordo e aliança é aceitável.
Numa ótica cidadã, não tem como se conceber que aquelas pessoas que estavam, não faz muito tempo, acampados às portas do Palácio dos Leões em resistência pelo mandato do líder ameaçado, estejam hoje cogitando render homenagens aqueles que estavam na posição de algozes. Aqueles que prometeram dar o sangue contra o que chamavam de violência, venham pedir votos juntos e irmanados em um só propósito. Então a “balaiada” fora de época era só encenação?
Os mais descarados dirão que o próprio Jackson Lago confraternizou com o grupo Sarney em 2000. É verdade, acontece que a situação após abril de 2009 é totalmente diferente. A partir da eleição de 2006 tivemos uma campanha insidiosa e cruel contra Jackson Lago e contra seu governo, estes opositores não deram-lhe um momento sequer de trégua. Pode-se até discutir se foram justas ou injustas, as campanhas e os ataques, qualquer outro partido até pode apoiar este ou aquele candidato do PMDB – aqui sequer se discute o mérito dos candidatos, se A é melhor que B ou vice-versa –, jamais este cujo passado torna inaceitável essa união. Caso a mesma venha ocorrer, necessário que se cobre uma posição do partido, uma autocrítica pública, reconhecendo que estiveram esses anos todos errados e que, inclusive, a cassação, chamada de golpe judiciário, ao menos na ótica do partido, foi um ato de perfeita justiça.
Não há como aceitar que se faça diferente. Não pode simplesmente as cúpulas partidárias decidirem, como se aparta gado que se diga, quem fica com quem, sem se importar com o passado, com o presente ou com futuro.
O caráter nacional dos partidos políticos, embora impostos legalmente as instâncias inferiores, não desobriga que reconheçam as peculiaridades de cada local. No caso presente não vejo como o diretório estadual, seus filiados e militantes venham aceitar tal imposição pois contrária não só ao posicionamento histórico do partido como também seria conceder aos algozes do mesmo razão a tudo que fizeram.
Após ler a matéria e ouvir a confirmação do senador no rádio perguntei a um amigo, militante político e que serviu no governo do PDT o que ele achava de tal aliança. Ele olhou para mim com olhar incrédulo e perguntou: “Isso, é alguma piada?”
Se nas mortes anteriores Jackson Lago teve o apoio dês seus companheiros e aliado, nesta quarta morte seriam eles próprios a empunhar a adaga o liquidar mais uma vez. Costumo dizer que eleição, ganhando ou perdendo, não serve de esponja para apagar o passado de ninguém.
Se pararmos para analisar esses fatos da política maranhense ficamos com uma certeza: se os bois ainda não começaram a voar sobre as praças das cidades, decerto que não tardará a acontecer.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.
Dr. Abdon,
Muito bom seu comentário, não saberei escrever com tamanha sabedoria, todavia, vou minhas palavras chucras tecer um breve comentário: Se foi injusta a campanha feita contra o saudoso Jackson Lago, eu até concordo. Como também acho injustíssima a campanha difamatória feita contra o Senador Sarney e sua familia. Quanto ao fato de serem os politicos capazes de tudo para chegar ao Poder, que diga o Candidato da OPOSIÇÃO no nosso Estado, que também já MATOU o Jackson Lago, quando não cumpriu com as promessas de ter do PDT o seu companheiro de chapa, isso depois do Partido (PDT) já haver inclusive escolhido o Empresário MARCIO lá de Balsas. Quer dizer que do seu ponto de vista apenas PMDB e PT quer dizer, Sarney e Lula são demonios e os outros são santinhos? Façamos uma reflexão! Na Politica é sempre assim: o aliado de hoje é o potencial adversário de amanhã. E assim será.
Um Abraço,
Raimundo de Sousa Silva
Não sou Advogado Eleitoral
Sou apenas um eletor maranhense
Caro Abdon, do meu ponto de vista, os partidos políticos brasileiros são apenas albergues onde as pessoas se abrigam, pois cada partido tem seu estatuto que define a respectiva ideologia mas tudo isso é apenas no papel. Lembro que alguns anos atrás numa campanha de eleição municipal alguns candidatos do PDT divulgaram suas fotos junto com a Governadora Roseana Sarney. Há muitos anos o Jornal Pequeno publicou umas declarações do Senador Cafeteira (então na oposição) onde ele dizia que Sarney era o câncer do Maranhão. Lembro um discursos do então Deputado Remi Ribeiro que disse (mais ou menos assim): “no Maranhão tudo é possível, Se disserem que o boi voa, pode acreditar que ele está voando” No Maranhão existem apenas dois partidos, os que gostam de Sarney e os que não gostam dele. Dr. Jackson Lago foi um grande político, mas infelizmente viveu num serpentário.
Concordo com Raimundo e ainda acrescento que se o PCdoB pode se coligar com o PSDB em busca do poder porque o PMDB e o PDT que estão no mesmo palanque nacional não podem.
Também concordo com o Raimundo.Eu votei no Dr.Jackson Lago e fui comemorar junto com a juventude que “esperava” uma mudança no Marcus Center(Renascença).Mesmo sabendo que criaram na cabeça do eleitor que ser anti-Sarney é um atestado de probidade e competência,nessa embarcaram no governo da mudança, vários nomes conhecidos da corrupção e oportunismo.O nobre advogado esqueceu que,quem deu o primeiro tiro no saudoso ex-governador,foi seu próprio “time de assessores e secretários”.Quer uma prova Dr?Quando o TSE o cassou o mesmo se aquartelou no palácio dos leões,certamente esperando que a população que o elegeu por três mandatos,fossem para a porta do palácio lhe dar apoio.Sabem quantos apareceram por lá?NENHUM ELEITOR!!.Lógico,estavam decepcionados com tantas denuncias de corrupção e operações da PF que ocasionou ao indiciamento pelo STJ, de secretários que,de longas datas acompanhava o ex-prefeito/governador.A maior crise q esse País atravessa,não é politica é MORALE como o Sr.Flávio Dino foi eleito?alguém sabe?com convênios.Se torna urgente uma reforma política com voto distrital e não obrigatório.Nesse time de polítcos,esqueceram de convocar homens probos e trabalhadores honestos.Todos, querem o poder,pelo poder,por isso são capazes de fazerem aliança até com o diabo.O povo que f….P.S.Tres mandatos e elegeu um poste de nome Conceição Andrade e Tadeu Palácio para o segundo mandato.Me desculpe Dr.Abdon,o Sr.é competente em Direito Eleitoral mas,em análise da situação polítca,me desculpe,o Sr.está sendo parcial.Mas.não lembro de quem era a frase;”Eu posso discordar de tudo que disseres mas,NUNCA impedirei de expressar tuas opiniões”.