Um grupo de estudantes do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) está sendo acusado por planejar um estupro contra a jovem Giseli Botega. A denúncia foi feita pela própria vítima em sua conta no Instagram.
Segundo Botega, os universitários estavam tramando em cometer o crime durante uma calourada que seria realizada na UEMA.
Ainda de acordo com a vítima, os fatos vieram à tona após a namorada de um dos integrantes do grupo publicar toda a conversa dos estudantes no Twitter.
No diálogo, os acadêmicos enviam uma foto da Giseli Botega e comentam sobre praticar o estupro.
“Eu não tenho Twitter. Não tinha visto a publicação. Foi um choque. Isso é algo que acontece todos os dias. É um crime. São pessoas desumanas, maldosas e capazes de fazer. Porque se são capazes de falar, são capazes de fazer”, desabafou a jovem em sua conta no Instagram.
A jovem garantiu que irá tomar todas as medidas judiciais possíveis para que o crime não fique impune.
Os universitários fazem parte da diretoria Associação Atlética Acadêmica Protensão, que emitiu nota sobre o caso e afirmou que repudia todos os fatos expostos durante a quarentena sobre a questão de apologia ao estupro.
A Associação disse ainda que todos os envolvidos no caso foram expulsos e estão proibidos de participar dos eventos.
“Associação Atlética Acadêmica Protensão, entidade básica de organização do desporto do curso de Engenharia Civil da UEMA vem por meio desta carta informar e repudiar os fatos expostos durante a quarentena sobre a questão de apologia ao estupro.
A AAAP não compactua com qualquer comportamento machista e de apologia ao estupro e considera tais atitudes inadmissíveis, repugnantes e de cunho desrespeitoso à sociedade de forma geral. Esse não é o tipo de conduta esperado por nós que zelamos tanto para com a integridade das pessoas que nos cercam, sendo atitudes consideradas decepcionantes e alarmantes.
O Art. 287 do Código Penal que diz respeito sobre fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime prevê pena de detenção, de três a seis meses, ou multa.
Casos como esse não devem voltar a acontecer, eles abalam pessoas e geram consequências para a toda a vida.
Todos merecem respeito e não devem ter seu corpo violado, NADA é justificativa para tal crime.
Lamentamos muito o ocorrido e sempre estaremos trabalhando em prol de ambientes seguros a todos em ações que envolvam a nossa atlética e informamos que as devidas providências serão tomadas.”
A ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA ACADÊMICA PROTENSÃO vem a público informar, ainda conforme a nota de repúdio, que as providências tomadas foram:
– Exclusão dos envolvidos nas atividades esportivas da Atlética;
– Exclusão dos envolvidos nos eventos realizados pela Atlética Protensão;
– Banimento de qualquer atividade realizada pela Atlética Protensão, bem como participação e organização.
As decisões foram tomadas seguindo o Art. 9° do Estatuto interno – Será banido da associação o membro que, de maneira irregular, violar os preceitos éticos e legais, entrar em balbúrdia e badernas contra membros da Associação Atlética Acadêmica Protensão. As decisões seguem a legalidade conforme Estatuto Interno e o aval da advogada.
Reiteramos que lamentamos muito o ocorrido e sempre estaremos trabalhando em prol de ambientes seguros a todos em ações que envolvam a nossa atlética.!
Nesta segunda-feira, a UEMA também se pronunciou sobre a denúncia e ressaltou que o teor das mensagens é absolutamente incompatível com os valores e princípios preconizado pela Universidade.
“A instituição determinou uma rigorosa apuração do caso e informou que a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis já reuniu todas as informações preliminares que foram publicizadas e encaminhará à Procuradoria Jurídica para instauração do devido procedimento administrativo.
A Universidade Estadual do Maranhão tomou conhecimento de denúncia formulada pela jovem Giseli Botega, na sua conta no Instagram, por meio da qual revela postagens atribuídas a discentes do curso de Engenharia Civil, campus São Luís.
O teor das mensagens é absolutamente incompatível com os valores e princípios preconizados pela UEMA e totalmente inaceitável no âmbito de uma comunidade acadêmica que preza o Estado democrático de direito, a convivência pacífica e igualitária, o respeito aos direitos humanos e a diversidade de gênero.
Pelo conteúdo da denúncia, a UEMA manifesta absoluto repúdio a qualquer tipo de desrespeito à dignidade da pessoa humana e a toda forma de constrangimento, assédio, sexismo ou violência.
Neste sentido, reafirma o compromisso e a determinação de apurar com rigor, no limite de sua competência e conforme seus regimentos, os fatos narrados e os efeitos dos mesmos no âmbito desta instituição.
Informa, por oportuno, que a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis já reuniu todas as informações preliminares que foram publicizadas e encaminhará à Procuradoria Jurídica para instauração do devido procedimento administrativo.”
São Luís, 25 de abril de 2020.
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Reitor