Por Italo Gomes
Logo após a vitória no pleito eleitoral de 2014, a presidente Dilma Rousseff e seu Partido dos Trabalhadores, como já é fato e notório, abandonaram tudo que diziam na campanha e adotaram todas as medidas que supostamente seus adversários iriam tomar. Todos os preços represados nas estatais visando ganhos eleitorais foram aumentados, a exemplo da gasolina e energia elétrica, os juros subiram e um banqueiro, Joaquim Levy, se tornou Ministro da Fazenda. Para a Revista Isto É, o PT “tucanou”.
Não contente em desvirtuar todo seu programa de governo em menos de um mês, Dilma, sabendo que não ia dar conta de seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal (que diz que não se pode gastar mais do que se arrecada em um ano), simplesmente ofereceu – através de uma chantagem legalizada – quase um milhão de reais a mais em emendas para os parlamentares aprovarem um projeto de lei que mudaria a Lei de Diretrizes Orçamentárias, evitando que a chefe do Executivo cometesse uma improbidade administrativa, o que caracterizaria crime de responsabilidade. O projeto, claro, foi aprovado, em nome da governabilidade.
Além disso, a incompetência do PT na gestão dos recursos públicos foi premiada com a maior estatal brasileira, a Petrobras – envolvida em um escândalo de corrupção, que ganhou a alcunha de “Petrolão”, com pagamento de propinas e fraude em licitações por parte de um cartel de empreiteiras – se tornando a companhia com a maior desvalorização anual da história recente.
Toda essa retrospectiva serve para desconfiarmos que o governo Dilma II tem tudo para ser pior que o primeiro. O status de ilegitimidade que a reeleição da presidente ganhou – como bem asseverou Fernando Henrique Cardoso – deixou o país dividido, o que levou o PT a se tornar um partido muito mais confuso e heterogêneo do que é, o que pode levar seus radicais esquerdistas – e suas idéias anti-capitalistas – a terem muito mais influência daqui pra frente. Basta ver a resistência interna que Dilma vem sofrendo para montar um ministério mais técnico e responsável e menos ideológico.
Infelizmente, nada sinaliza para o que Dilma insistia na campanha: “Governo Novo, Ideias Novas”. Enquanto a mentalidade de nossos governantes for a de oferecer esmola ao povo sem lhe dar condições de crescer por si mesmo, ou seja, fingir que está dando o peixe inteiro (quando na verdade, dá só metade dele, pois quem usufrui do Bolsa Família e dos péssimos serviços públicos também paga imposto), mas não ensinar a pescar, o Brasil estará fadado ao insucesso.
Dr. Italo Gomes (OAB/MA 11.702-A) é Advogado em Bacabal-MA. Bacharel em Direito pela UNINOVAFAPI-PI e Pós-Graduando em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Escola Superior Verbo Jurídico-RS.