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Federações criam ‘casamentos de fachada’ e enfrentam dissidências nos estados

A criação de federações partidárias, que passarão a valer a partir das eleições deste ano, uniu adversários locais no mesmo campo político, começa a enfrentar dissidências e pode resultar em uma espécie de “casamento de fachada” em parte dos estados.

Nas federações partidárias, as legendas que se associam são obrigadas a atuar de forma unitária ao menos nos quatro anos seguintes às eleições, nos níveis federal, estadual e municipal, sob pena de sofrerem punições. É um modelo diferente das coligações, que foram vetadas em eleições proporcionais.

O novo mecanismo deve ajudar os partidos a superar a cláusula de barreira, que estabelece percentual mínimo de votos e de deputados eleitos para manter o acesso à propaganda partidária e ao fundo eleitoral.

Batizada com o nome “Brasil da Esperança”, a federação entre PT, PC do B e PV enfrenta imbróglios na montagem de palanques estaduais em Pernambuco, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Distrito Federal.

Os principais focos de atrito se dão entre PT e PV, partido que na última legislatura se alinhou a partidos de centro-direita em estados como a Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

A adesão à federação e o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 fez com que parte dos filiados deixasse o partido.

Mas ainda há uma parcela que permaneceu no PV e ainda assim flerta com candidatos de outros partidos nos estados.

“Há um esforço muito grande para que não haja ruído na nossa caminhada até a eleição. A gente torce para que os presidentes dos partidos nos estados tentem negociar, a gente só vai intervir onde tiver problema”, afirma o presidente nacional do PV, José Luiz Penna.

No Maranhão, a federação uniu sob o mesmo guarda-chuva adversários históricos no estado: o PC do B, que já abrigou o ex-governador Flávio Dino (PSB), estará unido ao PV, partido ligado à família Sarney que fez oposição ferrenha ao então governador.

“Não tenho restrição a Flávio Dino, mas é preciso diálogo. Estamos vivendo um novo momento no Maranhão sem aquela dicotomia entre Sarneys e anti-Sarneys. É um projeto uma nova geração”, diz o deputado estadual Adriano Sarney (PV).

A união, contudo, enfrenta conflitos. O PV critica a influência do PSB nos rumos da federação com a pressão pela escolha do nome do ex-secretário Felipe Camarão (PT) como candidato a vice do governador Carlos Brandão (PSB).

A federação entre PSDB e Cidadania também enfrenta divergências no campo nacional. Enquanto os tucanos ainda não definiram se terão candidatura própria ao Planalto, o Cidadania já definiu o seu apoio à précandidatura de Simone Tebet (MDB).

Nos estados, a decisão de unir os partidos também gerou baixas.

Da Folha de São Paulo

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