“Agora não aceitamos partidarização de operação policial, porque não pode confundir polícia com política, essa mistura é indigna para a tradição da Polícia Federal, e por isso mesmo, nós temos uma atitude de muita firmeza, baseada na sabedoria popular de quem não deve, não teme”.
A declaração acima foi dada pelo governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), durante entrevista ao Blog do Neto Ferreira, sobre a operação Pegadores, deflagrada pela Polícia Federal no dia 16 de novembro. Dino comentou sobre à ação federal e do suposto conhecimento do secretário de Saúde, Carlos Lula, no esquema criminoso que deixou um rombo de R$ 18 milhões nos cofres públicos.
Ao referir-se a lista de 427 funcionários fantasmas, Flávio Dino criticou a PF e diz que houve espetacularização na operação. O governador disse, ainda, que há por trás disso tudo uma manipulação política.
“O que nós combatemos é justamente a manipulação política. A minha observação foi exatamente em razão de uma desastrosa entrevista coletiva que foi concedida logo após a operação, em que buscando criar algo espetacular, fatos que não aconteceram, foram pronunciados por autoridades, isso é muito grave, isso é muito sério. Quem exerce função pública em nome do povo é remunerado pela sociedade tem que ter muita responsabilidade. Então se uma autoridade policial diz que tem 427 fantasmas ele tem que provar que tem. Se ele diz que de repente uma empresa que era sorveteria deixou de ser em 2015, que não é verdade, ele tem que provar”, criticou Dino.
O governador foi questionado se manterá no cargo de secretário de Saúde, o advogado Carlos Lula, após a divulgação do depoimento do dono do Idac, Antônio Aragão (reveja). Aragão afirmou à PF que se queixou a Lula sobre os pagamentos ilícitos feitos pelo instituto.
Flávio saiu em defesa e disse que seu auxiliar é honesto e honrado. “O secretário Lula é absolutamente honesto, honrado, nunca se disse nada que ele recebeu dinheiro, que ele deixou de receber, que ele tem conta não sei aonde, que não sei quem entregou dinheiro para ele. Não existe isso! Ele [Lula] honra o nosso governo, eu tenho muito orgulho, de tê-lo como secretário, e se houve coisas equivocadas administrativamente, tenho certeza que não foi com a participação dele [Carlos Lula], tenho convicção. Em relação a suposto de conhecimento que ele teria, eu realmente não li nenhum depoimento desse senhor, dizendo ou deixando de dizer isso, mas como eu afirmo, naturalmente alguém tem que provar”.
O comunista voltou a dizer que o modelo de terceirização implantado na Secretaria de Saúde não foi feito pela atual gestão, mas sim pelos governos anteriores. O governador frisou que tudo isso já está sendo mudado, mas aos poucos.
“A nossa gestão está desmontando a bomba que herdamos, quem criou esse modelo de organização social não fomos nós, sem concurso de projeto, sem licitação, sem nada. Quem criou contratações sem seleção não fomos nós. Quem instituiu seletivo fomos nós, tem 5 mil trabalhadores seletivados, em todos os hospitais novos foram abertos outros seletivos. Nós fizemos concursos de projeto para as OS, nós implantamos a EMSERH, para exatamente melhorar os procedimentos. Agora você leva anos, porque no caso da saúde há uma singularidade, você tem que ter compromisso com os pacientes, então não pode dizer assim: não, vamos parar o atendimento para acertar as coisas que estavam erradas, não tem como, se não as pessoas morrem“, detalhou.
Dino comentou que está fazendo uma gestão transparente e honrada. E que toda investigação séria, isenta terá o seu apoio.
“Que não haja espetacularização, busca de algo sensacional que acabou se desmanchando muito rapidamente e eu desejo que para frente para continuidade dessas investigações haja isonomia, ou seja, não haja foco partidarizado, e haja responsabilidade na condução da investigação”
Ouça a entrevista abaixo: