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Governo Lula adota silêncio sobre denúncias e descarta sair em defesa de Juscelino Filho

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou a estratégia do silêncio sobre irregularidades cometidas com dinheiro público pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O núcleo duro do governo mantém distância regulamentar das denúncias, publicadas pelo Estadão, para evitar que uma crise política atinja o Palácio do Planalto.

O momento também é considerado delicado, já que nesta quarta-feira, 1.º, haverá eleições para escolha do presidentes da Câmara e do Senado. Nos bastidores, ministros envolvidos na articulação política com o Congresso avaliam que qualquer passo em falso pode ter impacto na votação. Sob o argumento de que o Planalto está se dedicando a resolver temas urgentes, como o genocídio dos yanomamis, as eleições no Congresso e o rescaldo da tentativa de golpe no último dia 8, o governo não vai sair em defesa de Juscelino.

Lula apoia a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado. A recondução de Lira é vista como “favas contadas”, mas Pacheco, apesar de favorito, vai enfrentar Rogério Marinho (PL-RN), que tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Juscelino terá reunião na tarde desta terça-feira, 31, com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O Planalto informou que o encontro já estava marcado.

Indicado para a equipe de Lula pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), principal avalista da candidatura de Pacheco à reeleição, Juscelino disse a interlocutores que está sendo alvo de “fogo amigo”.

Nos últimos dois dias, o Estadão mostrou que Juscelino enviou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra em frente à sua fazenda, na cidade de Vitorino Freire, no Maranhão. O ministro é deputado licenciado pelo União Brasil e, quando concorria à reeleição, no ano passado, também apresentou informações falsas à Justiça Eleitoral sobre viagens de helicóptero. Com isso, justificou o pagamento de R$ 385 mil do Fundo Eleitoral para sua campanha.

No arranjo político para montar a base de sustentação do governo no Congresso, o nome de Juscelino acabou sendo um dos últimos confirmados por Lula.

Do Estadão de São Paulo

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