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Governo Lula avalia manter comando da Codevasf e mudar chefes de superintendências

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia manter o engenheiro Marcelo Moreira no comando da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e trocar superintendentes nos estados.

Moreira foi indicado pelo deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para presidir a empresa em 2019, no início do governo Jair Bolsonaro (PL). A estatal mudou de vocação na gestão Bolsonaro e passou a escoar verbas de emendas parlamentares em obras de pavimentação e na compra de maquinários, como tratores.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) defendem a permanência do engenheiro, segundo parlamentares e integrantes do governo que acompanham as discussões.

No Maranhão, o PC do B é uma das legendas que tenta indicar o novo superintendente. Governadores do PT no Nordeste trabalham para mudar o comando da Codevasf.

Em agosto de 2022, a PF disse ter encontrado indícios de corrupção dentro da Codevasf, e afastou Julimar Alves da Silva Filho do cargo de gerente da estatal sob suspeita de ter recebido propina de R$ 250 mil da Construservice. Essa empreiteira tem como sócio oculto o empresário conhecido como Eduardo DP, que chegou a ser preso durante as investigações da PF.

Eduardo DP esteve com o presidente da Codevasf em dezembro de 2020 representando a Construservice.

Em outra frente, o TCU apura se a campeã de verbas de pavimentação da Codevasf, a Engefort, é a principal beneficiada de um cartel de empresas que fraudaria disputas da estatal.

As duas empreiteiras e a companhia negam irregularidades.

Agora, ao menos metade das superintendências deve mudar de comando para abrigar aliados da base do governo Lula —e retirar bolsonaristas—, dizem integrantes do atual governo e da companhia.

Durante a transição de governo, aliados de Lula chegaram a usar a Codevasf como mau exemplo de clientelismo com recursos de emendas. Integrantes da gestão petista agora afirmam que cabe ao ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, definir o futuro da estatal.

A estatal se tornou um dos órgãos mais cobiçados por congressistas no governo Bolsonaro pela agilidade em executar contratos de pavimentação e de doação de maquinário.

Turbinada por emendas de deputados e senadores, o orçamento da Codevasf foi de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,3 bilhões de 2019 a 2022, cifra superior a dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo no último ano.

O orçamento aprovado no Congresso em 2022 e sancionado por Lula em janeiro ainda reserva cerca de R$ 6,5 bilhões para indicações de deputados e senadores da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. Parte desse valor deve ser destinado para a Codevasf.

Da Folha de São Paulo

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