Por Abdon Marinho
A Sra. Dilma cancelou a visita de Estado que faria aos Estados Unidos. Alega que aquele governo não deu explicações satisfatórias sobre a espionagem que a teria vitimado. Com o perdão da palavra trata-se um arrematado exemplo de hipocrisia. A espionagem foi denunciada a mais 60 dias, sem que o governo brasileiro tivesse manifestado uma posição firme em relação ao caso.
O governo brasileiro não disse nada com relação a situação do cidadão Snowden que ficou quase trinta dias na área de trânsito do aeroporto de Moscou. Não tinha para onde voltar e muito menos para onde voltar. Nosso governo que demonstrou sequer preocupação humanitária diante do fato. O cidadão arriscou a sua vida, seu emprego, perdeu amigos, namorada, afastou-se da família. Tornou-se um pária por discordar dos atos do governo do se país, passou a ser chamados por seu governo e por muitos que não entenderam a grandiosidade de seu ato e o governo brasileiro não demostrou qualquer preocupação, que se lixasse.
O mesmo governo que endossa as políticas de todos os regimes totalitários do mundo (ou quase todos aí incluindo a Síria que acabou de usar armas químicas contra seus cidadãos), silenciou quando se violou a intimidade de meio mundo. Achou normal. O Sr. Snowden mostrou que há limites éticos nas políticas de Estado e apesar disso o governo achou que estava tudo normal. Tudo, segundo o nosso governo estava dentro da normalidade.
A espionagem de tudo e todos era do conhecimento de todos. Quer dizer que espionar os brasileiros, todos eles, pode? Quer dizer que é normal que vejam os meus e-mails, as páginas que visito e até minhas conversas telefônicas? Claro que sim. Se assim não fosse o governo brasileiro teria se manifestado de forma enfática desde o primeiro momento. Não fizeram isso. Não pediram explicações. Apenas quando revelado a violação das correspondências da Sra. Dilma o governo vem com essa reação. Então ela não é a primeira servidora pública, é sim, alguém que se coloca acima dos demais brasileiros. Saber o que eu, você, nós fazemos não é motivo se irresignação mas sim a violação dos seus próprios? Entendi. Espionagem nos outros é refresco. Devo deduzir que são melhores que eu, que você e que qualquer outro brasileiro. Ora, o Brasil recebeu e festejou a vinda do Secretário de Estado daquela nação, até quando ele admitiu o que seu governo fazia em nome da alegada segurança, quando muito se esboçou um sorriso amarelo. A nota de insatisfação foi protocolar, nada além disso.
A indignação manifestada neste momento pelo governo brasileiro é um ato de hipocrisia, não é motivado por razões de princípios e sim por irresignação pessoal. Se fosse por princípio deveria ter vindo bem antes, deveria ter se manifestado na hipoteca e solidariedade ao jovem Snowden que expôs a própria vida em nome do que acreditava ser um abuso praticado por seu país, arriscou-se a ser condenado até à pena de morte por ser considerado um traidor da sua pátria. Agiu motivado por razões éticas, razões de princípio. Agiu para mostrar que deve haver um limite ético nas políticas entre as nações e seus povos. Isso é muito diferente do que o governo brasileiro mostra agora. Colocam a petrobras na questão apenas para tentar disfarçar a motivação pessoal da indignação. E com colocam a presidente acima dos demais brasileiros que diz representar.
Diante de tudo uma triste constatação surge: o governo brasileiro tem muito a aprender sobre princípios e ética com o jovem Snowden. O triste é saber que nunca aprenderão nada sobre o que sejam essas coisas.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.
Depois de horas e horas de julgamento, fugindo das tecnicidades e filigranas jurídicas. Celso de Mello diz que o STF deve respeitar garantias constitucionais de maneira isenta, respeitar direitos de forma impessoal. Aceita embargos infringentes e 12 réus terão direito a um novo julgamento. Certo ou errado?
Já pensou se tivéssemos na cultura jurídica brasileira o hábito de cortar a mão de bandidos, por desvios de dinheiro público e outros crimes hediondos? Enquanto isso, os processos se alongam nos seus prazos, abrindo outras brechas jurídicas. No Brasil, formação de quadrilha não é formação de quadrilha, é festa de São João.
Com todo respeito ao STF (onze juízes) e, em especial, ao membro Celso de Mello, afirmo que este derrubou o mito da neutralidade científica, na medida em que aceita recursos e desempata em favor dos mensaleiros. Nenhuma imparcialidade foi feita, só o vislumbre da eleição presidencial, que passa também pelo Supremo. Plagiando o ministro Joaquim Barbosa, que afirmou numa sala-de-aula que os partidos políticos no Brasil são todos de mentirinha, ficou claro para o povo brasileiro que o STF também o é.
Veja o artigo na íntegra http://verdejando.tumblr.com/post/61612024678/julgamento-do-mensalao