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IDH: a guerra dos rotos

Por Abdon Marrinho

O que mais tenho ouvido nos últimos três dias, desde que a ONU divulgou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), é “a minha miséria é melhor que sua” ou a sua miséria é pior que a minha. O governo e a oposição maranhense estão nesta edificante discussão. Chega a ser bizarro.

Vi no jornal um deputado governista com um sorriso no rosto festejando que os indicadores triplicaram nos últimos anos. Que maravilha. Acontece excelência, que o Maranhão ainda é o penúltimo lugar no ranking, só estando à frente do paupérrimo estado de Alagoas.

Vejam, o Maranhão é um estado rico, tem solo fértil, água em abundância, recursos naturais extraordinários, rico em minérios, em gás natural, corredor de grandes empreendimentos, possui um Porto considerado um dos mais eficientes do mundo. E só estamos à frente de Alagoas. Me perdoe, mas só pode ter algo de muito errado.

Na tentativa de inflar a candidatura do aliado ao governo, fazem comparação com os municípios administrados pela oposição. Não há dúvida alguma que o ex-prefeito de Ribamar fez uma grande administração. Muito acima da média estadual, foi atrás de recursos onde tinha, mudou a feição do município, é verdade. Entretanto há que se dizer também que o município ainda possui um indicador sofrível, isso apesar de nos anos em que o administrou o município foi incluído no fundo especial e teve uma substancial melhora na receita sem contar que conseguiram um especial apoio do governo federal e estadual através de centenas de convênios, tanto dinheiro que não tinha nem tempo de inaugurar todas as obras. Ainda assim o município que se quer apresentar como modelo ocupa 1665° posição, aparece na página 51 no caderno do ranking. Vamos combinar, isso não é modelo para coisa nenhuma.

E a oposição? Essa também não tem se saído muito bem nas suas gestões. Muitos estão no poder a mais de uma década e os indicadores de seus municípios patinam na rabeira da fila. Não demonstram compromisso com os direitos básicos do cidadão.

Muitos municípios, ainda hoje, tem alunos em salas multiseriadas, sem professor, sem aula, funcionando no limite da irresponsabilidade, ainda hoje se encontra escolas em taperas, latadas. O caos na educação maranhense atinge indistintamente a todos os gestores, governistas, oposicionistas e a turma que fica em cima do muro. Todos parecem que resolveram colaborar com o governo federal na edificante tarefa de destruir a educação brasileira. Ando o Maranhão inteiro, por onde passo vejo os estudantes fora das escolas antes das dez horas da manhã. Como é possível que se aprenda algo, estudando tão pouco? Não faz sentido.

Governo e oposição maranhense, diante dos últimos indicadores, deviam era se penitenciar e não ficarem contando vantagem de lado a lado, fazendo uma politicalha “escrota” diante de tanta vergonha. Ficam os sujos falando do mal lavado como se a responsabilidade não fosse de todos. Se o governo não faz sua parte, os municípios seja de situação ou oposição muito menos.

Querem mudar os indicadores? Melhorem a educação. Instituam os pólos educacionais com toda infraestrutura necessária para um bom ensino e uma boa aprendizagem. Acabem com essa molecagem dos estudantes terem no máximo duas hora de aula por dia, quando tem, de professores fingirem que ensinam e alunos fingirem que aprendem.
O caminho para reversão do quadro que nos obriga a examinar o ranking de trás para frente para localizarmos os municípios maranhenses começa com a educação. Com a iniciativa de prefeitos e o suporte do governo estadual e federal. Sem isso não sairemos do lugar, continuaremos atras do Piauí e até de Alagoas.

Senhores políticos parem de patetisse, de discurso tolo e façam algo. Senhores, meu pai, com sua sabedoria de analfabeto, costumava dizer: “em casa que falta pão, todos falam e ninguém tem razão”. Pois é, aqui falta pão, arroz, feijão, educação. Aqui senhores, ninguém tem razão.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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