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As dúvidas sobre a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto em 2018 provocaram um impasse na definição das estratégias eleitorais dos principais partidos do país, especialmente no Nordeste.
Em busca de uma carona na popularidade do ex-presidente, políticos de siglas como PMDB e PP abriram articulações com o PT na região para a construção de chapas conjuntas a governos estaduais e ao Senado —apesar de suas legendas estarem alinhadas a uma possível candidatura do PSDB na disputa nacional.
No entanto, como a participação de Lula nessa eleição ainda dependerá de decisões judiciais, as negociações para a montagem de muitos desses palanques locais passaram a enfrentar dificuldades que talvez só tenham um desfecho às vésperas do início das campanhas.
O fator Lula criou empecilhos para o PMDB de Michel Temer no Ceará, por exemplo. O partido defende o lançamento de uma candidatura presidencial ao lado de PSDB e DEM, mas o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), quer subir ao palanque ao lado do petista para disputar sua reeleição. “Por que não? Essa candidatura terá um impacto muito forte no Nordeste”, disse Eunício.
O movimento já é feito abertamente por Renan Calheiros (AL), que trocou elogios com o ex-presidente em um ato há cerca de dez dias.
O presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), ironiza esse cenário e lembra que a candidatura de Lula está “sub judice”. Ele diz ainda que a sigla precisa manter coerência e que a prioridade deve ser reproduzir alianças da coalizão nacional. “O PMDB não pode ir em direções opostas.”
O PP, que faz parte do governo Temer e pretende manter aliança com o trio PSDB-PMDB-DEM na corrida presidencial, também terá palanques mistos no Nordeste.
O presidente da sigla, o senador Ciro Nogueira (PI), admite essa possibilidade, mas diz que pretende rever a estratégia se Lula for barrado. “No Piauí, a chance de apoiarmos ele é muito grande. Se ele não for candidato, devemos nos alinhar ao PSDB.”