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Inquérito mira pagamentos milionários supostamente ilegais na Prefeitura de São Francisco

Um suposto esquema milionário de desvio de verbas públicas montado na Prefeitura de São Francisco do Maranhão está na mira do Ministério Público estadual.

O promotor de Justiça Leonardo Soares Bezerra instaurou um inquérito para investigar pagamentos milionários supostamente ilegais liberados pelo Executivo municipal, administrado por Adelbarto Rodrigues Santos, para a Panorama Empreendimentos e Serviços, de propriedade de Domingos Carvalho Lopes da Silva.

As investigações iniciaram a partir da Representação encaminhada pelo Ministério Público de Contas (MPC) dando conta de irregularidades em contratos celebrados entre ambas as partes para execução de manutenção preventiva e corretiva em prédios públicos próprios, locados e/ou conveniados utilizados pelo Município com fornecimento e material, equipamentos e mão de obra necessários.

Em pesquisa realizada no Google Maps, a reportagem constatou que a empreiteira fica localizada em uma sala de pouco mais de 15 m², dentro de um prédio comercial, no Centro da cidade de Parnarama.

O MP de Contas narra que a Panorama é credora de R$ 6.270.000,00 milhões da Prefeitura de São Francisco referentes a despesas com os serviços mencionados acima, cujos empenhos de pagamentos são decorrentes de uma Adesão a Ata de Registro de Preços nº 002/2021.

A autora da representação alega que os repasses foram empenhados no dia 3 de janeiro de 2022, mas no Sistema de Acompanhamento de Contratações Públicas (SACOP) do Tribunal de Contas do Estado (TCE) não foi localizada nenhuma contratação tendo a construtora como fornecedora no ano de 2021. Havendo apenas o Processo 008/2020, o qual deu origem ao Contrato 025/2020, porém não poderia subsidiar os pagamentos, uma vez que tinha a vigência até 31 de dezembro de 2020 e o valor era de R$ 3.101.438,10 milhões, ou seja, bem inferior ao empenho de 2022.

Imagem de dentro da sala onde funciona a Panorama Empreendimentos.

Segundo o documento, foram feitas diversas consultas tanto no Sacop quanto no Google, inserindo-se vários critérios para detectar qualquer publicação ou informação acerca da Ata de Registro de Preços nº 002/2021 tendo a empresa como fornecedora e não foi encontrado qualquer indício de que exista a ART.

Também foi realizado pesquisa no portal da transparência do município, mas não foi localizada nenhuma licitação ou contratação entre a Prefeitura e a Panorama em 2021.

“Portanto, parece evidente que os pagamentos estão ocorrendo de forma ilegítima, uma vez que ocorreram sem qualquer procedimento prévio, sem licitação alguma, sem adesão a qualquer ata de registro de preços válida e pública, sem qualquer procedimento, mesmo de contratação direta. Os valores empenhados no valor de R$ 6.270.000,00, estão sendo entregues sem licitação, sem contrato, sem critério, sem controle e, provavelmente, sem contraprestação de serviços”, constatou o MP de Contas.

Em 2021 foram gastos R$ 4.195.240,00 milhões para reformar prédios públicos, em 2022 foram gastos R$ 6.270.000,00 milhões, mas na prestação de contas do ano de 2021, o Município informou, nos arquivos de inventário de bens que não é proprietário de imóveis, portanto o fundamento para os pagamentos da Adesão a Ata de Registro de Preços nº 002/2021 é inexistente.

Esses contratos irregulares também motivaram a decisão do TCE, que suspendeu tais pagamentos (relembre aqui).

Placa de identificação que fica em frente à sala onde funciona a construtora.

Diante dos fatos, o promotor determinou que o prefeito Adelbarto Rodrigues e a Panorama Empreendimentos figurem como investigados no inquérito.

Ele solicitou que em 10 dias o MPC encaminhe todos os documentos que fundamentaram e acompanharam a representação.

Dentro do mesmo prazo, pediu que a Secretaria de Fiscalização (SEFIS) do TCE envie o relatório de auditoria realizada no Município de São Francisco do Maranhão e os empenhos e ordens de pagamentos efetuados nos anos de 2020, 2021 e 2022 para a empreiteira.

Leonardo Soares Bezerra solicitou também que se faça busca no Portal da Transparência, no perfis oficiais da Prefeitura e do gestor “adelbarto65” e outras redes sociais a fim verificar propaganda institucional de reformas em imóveis próprios, locados e conveniados, utilizados pela Administração Pública.

Requereu ainda que o LAB-LD do Ministério Público, no prazo de 10 dias, encaminhe todos os empenhos e ordens de pagamentos, efetuados a favor da Panorama em 2020, 2021 e 2022.

Tendo em vista indícios de crime, em tese, envolvendo o prefeito, o promotor de Justiça encaminhou cópia da representação do Ministério Público de Contas ao Procurador-Geral de Justiça para providências que entender cabíveis.

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