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Jogo de erros

Por Abdon Marinho.

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

Quando era mais jovem tinha o hábito de fazer palavras cruzadas e outros teste memória como jogo dos sete erros, etc. O jogo de erros consistia em você apreciar uma imagem e dizer quais as coisas não faziam parte daquela imagem.
Hoje vi uma imagem no jornal e lembrar daqueles jogos de erros. Trata-se da imagem da governadora do estado fazendo entrega de carro-pipa e kits de irrigação. Embora sem discutir o mérito de um estado tão rico em recursos hídricos precisar fazer uso destes veículos como o fazem outros estados mais castigados pela seca, eles são mais que necessários neste momento pois há sim parte do nosso estado em uma situação com muita carência de água, com reses morrendo e o povo padecendo.
O erro grotesco na imagem diz respeito à presença do secretário de segurança. Ora, o que fazia ousa excelência em plena segunda-feria entregando carros-pipas enquanto sua secretaria não contabilizava ainda os mortos do fim de semana?
Já tinha até me prometido a não falar mais da matança que ocorre na região metropolitana da capital. Hoje pela manhã um programa de rádio informava que já foram trinta e cinco assassinatos só este mês e hoje ainda é dia 10. O jornal pequeno informa que foram dezessete assassinatos só no fim de semana. Isso sem contar com o trafico de drogas que invade todos os municípios trazendo consigo todas outras formas de violência.
não digo que os secretário de estado não possuam legitimidade para comparecer a esse tipo de solenidade. Claro que têm. Não tem sentido é em plena segunda-feira, enquanto a secretaria de segurança conta os mortos da guerra civil que estamos vivendo, o secretário que deveria está buscando soluções está em solenidade entravando carros-pipas para combate a seca. Qualquer que fosse a justificativa para sua presença na entrega dos veículos esta seria secundária diante da matança do último fim de semana. Muito mais quando se fica com a impressão que lá estava para fazer proselitismo político.

Não é demais recordar que quando ocorreu aquela rebelião em Pedrinhas, enquanto se contavam os mortos e muitos se perguntavam o que estava acontecendo, este mesmo secretário, como se nada estivesse acontecendo, seguia a bordo de um helicóptero custeado pelo contribuinte para fazer a entrega de uma viatura da polícia na cidade Coroatá. Pelos antecedentes, já podemos deduzir o significado desta presença na solenidade de ontem. O que me assombra é que não aparece um puxa-saco para dizer, “olha, diante da gravidade, existem coisas que não comporta, fique na secretaria, reúna seu alto comandando e produzam uma resposta para a sociedade”. Ainda que os mortos sejam todos bandidos, dezessete mortos num fim de semana são números de guerra que exigem uma resposta tranquilizadora para a sociedade.
A governadora poderia ter aproveitado e perguntado o que ele tinha a dizer sobre os trinta e cinco mortos na região metropolitana, até o momento, quando não vencemos um terço do mês.
A impressão que se tem é que ninguém se importa mais com nada e que ninguém está nem aí mais para a violência que tomou conta do estado e torna prisioneiros os cidadãos de bem. Apenas para refrescar a memória, em 2002 foram apenas 194 assassinatos durante todo o ano. Só esses dez dias de dezembro, segundo o rádio, foram 35 mortos, isso só na região metropolitana.
Como aqui tudo tem uma lógica particular, esses carros-pipas, deverão ter um papel fundamental na estratégia de combate à violência. Alguém que saiba, por favor, me explique.

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