Por Milton Corrêa da Costa
Ninguém tem mais dúvida sobre a importância do uso (obrigatório) do cinto de segurança para todos os ocupantes de um carro. Estudos de medicina de tráfego já comprovaram, por diversas vezes, em testes específicos, a importância do cinto, do airbag duplo -é preciso também melhorar todos os itens de segurança na produção dos veículos nacionais-da cadeirinha, bebês-conforto ou assentos de elevação para uso do cinto, como dispositivos de retenção que objetivam evitar ou reduzir as lesões pós-impacto nos acidentes de trânsito.
Os diagnósticos sobre acidentes de trajeto concluem que a função básica do cinto e da cadeira é evitar o segundo impacto, mantendo motorista e passageiros seguros ao banco, observado o fato de que num acidente ocorrem duas sucessivas colisões. A primeira, do veículo contra o obstáculo. A segunda, dos ocupantes com alguma parte do interior do veículo, ou então são arremessados para fora do veículo, colidindo com o solo ou objetos fixos ou outro veículo em circulação na via pública, ou projetados em barrancos ou mesmo lançados em queda n’água.
Estudos científicos mostram que, dependendo da velocidade empreendida ao veículo e da força do impacto, quando se está usando corretamente o cinto ou as cadeirinhas evita-se, na maioria dos casos, que você seja arremessado pelo para-brisa; seja atirado pela porta; seja arremessado violentamente contra o banco da frente; bata contra o volante, a coluna, o teto ou painel do carro; colida contra os outros ocupantes do veículo; sofra graves lesões nos membros, no globo ocular, no rosto, no tórax, no crânio ou abdome; ou sofra ainda traumatismo na coluna cervical, podendo levá-lo até mesmo a ficar paraplégico ou tetraplégico.
No acidente que matou recentemente cinco jovens, na divisa do Espírito Santo e Bahia -um dos corpos foi encontrado nas margens do riacho- quatro das vítimas fatais (dois rapazes e duas moças) foram encontrados dentro do carro, afivelados ao cinto, tendo o veículo sido encontrado submerso no Rio Mucuri, já no Estado da Bahia, reabrindo-se assim a antiga discussão sobre a eficácia ou o entrave do cinto em caso de acidentes com queda n’água ou em acidentes seguidos de incêndio no veículo.
Há perguntas a serem respondidas. Os jovens já chegaram sem vida na projeção do carro no rio? Todos morreram em razão das lesões provocadas pelo impacto do acidente e do seguido capotamento? Ou de afogamento? Ou por ambas as causas? Até que ponto alguns mantiveram-se, apesar do impacto e da presumível alta velocidade do veículo, conscientes ou semiconscientes ao se projetarem n’água? E o pânico de alguns caso não soubessem nadar? Há total presença de água nos alvéolos pulmonares? São indagações sobre um filme real de terror que -não se sabe ao certo- só o laudo de exame pericial poderá concluir e afirmar sobre a causa mortis das vítimas, três moças e dois rapazes no esplendor de suas vidas.
Pelo sim e pelo não creio que a eficácia do uso de cinto de segurança- os acidentes com queda n’água e incêndios pós impacto constituem baixíssimo percentual de tipos de colisão- é indiscutível. O ideal é que, além de seu uso, assim como o capacete de segurança para os motociclistas, também nos tornemos mais prudentes e cuidadosos no trânsito. Trânsito é meio de vida não de morte, dor, sofrimento, tragédia e destruição. Use o cinto e seja sobretudo cauteloso ao volante. Se beber ou estiver sonolento não dirija. Preserve a vida. Seus entes queridos eaperam por você.
Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro