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Ladeira a baixo

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

Por Abdon Marinho

Leio aqui que as ações da Petrobras alcançou o mais baixo valor desde 2005. Trata-se de uma notícia preocupante. A empresa que resistiu a todos os tipos de governo, inclusive os duros anos de ditadura militar, já não mostra o mesmo fôlego nos dias atuais.
A situação fica mais delicada quando não faz muito tempo se anunciou a auto-suficiência em petróleo não faz muito tempo. Mais ainda quando se sabe do protagonismo da empresa na exploração do petróleo.

A empresa não está quebrada, entretanto os números de hoje é reflexo do seu uso político nos últimos anos. Negócios nebulosos, com claros indícios de corrupção, como é o caso da compra de uma petroleira no Texas (USA) por no mínimo cinco vezes o seu valor real; o aparelhamento da empresa, que passou a ter dirigentes mais identificados com lutas sindicais que com economia de mercado; a utilização dos recursos direta ou indiretamente na sustentação da errática política de governo; e um outro sem número de desatino.
A conseqüência é o que temos visto. Aquela que já foi a maior empresa do país, umas das maiores do mundo, em qualquer setor, apresenta resultados pífios e intranquiliza o mercado e tem suas ações desvalorizadas.

Os efeitos danosos do caos, embora muitos não se dêem conta, não são sentidos só pelos grandes capitalistas, estes, acostumados com todo tipo de especulação aguentam bem. O mesmo não se pode dizer dos pequenos investidores que por inspiração do governo, sacaram seus fundos de garantias para comprar ações da empresa; o mesmo também não se pode dizer dos fundos de previdências dos servidores públicos que utilizaram seus ativos para capitalizar a empresa esperando e confiando num retorno seguro, o que até agora, não vem ocorrendo.

Os desacertos são tantos que quando a empresa divulgou ontem seu balanço junto um plano de investimento de logo prazo, algo em torno de 200 bilhões até 2020, o mercado fez pouco caso, não confiou no anúncio, tanto que as ações caíram, no dia seguinte, ao seu pior patamar desde 2005. Não confiou porque qualquer um sabe que já se tornou estratégia de governo, diante de uma notícia ruim, inventar uma história bonita, pintar um futuro promissor, que depois não se realiza. Apenas os tolos, bem tolos, continuam confiando nestes contos da carochinha. A bem da verdade, ninguém parece saber o que diz. Não parecem entender nada do assunto que está em pauta.
Nos últimos anos o governo enveredou pelo caminho da mentira e do disfarce, até os números da economia são maquiados, chamam essa contabilidade de “criativa”. Um eufemismo para não terem que assumir que não conseguiram fechar as contas, que os recursos públicos estão sendo consumidos pela política.

O país no atoleiro e não existe um projeto de infraestrutura que depois apresente um retorno para a macro economia. A impressão que fica é que não temos ninguém pensando no futuro da nação, preocupados com a produção de alimentos, ambiente, energia ou qualquer outra coisa. entregaram o pais na mão de políticos que só enxergam até a próxima eleição. Tudo gira em torno disso. Depois da deste ano, começa-se a pensar na seguinte e por aí vai. O interesse nacional cede vez ao interesse eleitoral. A máquina pública virou um trampolim para o enriquecimento da classe política, que faz tempo, não produz um estadista, bem poucos não conseguem pensar além do seu interesse pessoal, quando muito pensam no interesse do partido e dos diversos empreiteiros-satélites que lucram cada vez mais.

A economia nacional não vai bem faz tempo – depende de dois ou três setores e até de impostos de uma única empresa para evitar o vexame –, e não venham dizer que isso é devido a crise mundial, uma parte sim, entretanto a outra e maior parte é decorrente da inércia do próprio país que não tem um projeto de desenvolvimento que não realiza as obras de infraestrutura que tanto necessitamos. As poucas iniciativas parecem atender unicamente aos interesses mais mesquinhos, a roubalheira que cada vez mais ganha lugar de destaque entre as diversas as nossas mazelas.

Os números da Petrobras não podem ser visto como um fato isolado, muito pelo contrário, é um claro indicador que estamos chegando ao ponto de onde não mais podemos descer.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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