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“L’état c’est moi”

Por Abdon Marinho

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

A frase acima é atribuída a Luís XIV (14 de maio de 1643 a 1° de setembro de 1715), historicamente reconhecido como o símbolo máximo do absolutismo, era chamado também de o rei-sol, numa frase o significado de toda uma época e um modelo de estado: “L’État c’est moi”, traduzindo: “o Estado sou eu”, pronto disse tudo. Luís XIV era o filho de Luís XIII que tem ligação conosco por ter sido o soberano na época em se fundou a cidade de São Luís, daí o nome.
Pois bem, acredito que por conta desta ligação (?), alguns dos nossos governantes se acham descendentes diretos de Luís XIV, quem sou eu para duvidar. Talvez sejam. Só esta ascendência, justifica o que se diz e o que se festeja por essas paragens.

Li que sua excelência, nossa governadora, teria dito em sua última intinerância: “Se eles vêm falar mal de mim aqui em João Lisboa, vêm pela estrada que eu dupliquei. Se eles forem mais adiante [até Amarante], vão pela estrada que construímos e que eles deixaram acabar, e que agora estamos recuperando novamente”, declarou. É ou não as palavras da descendência direta do rei-sol? Quem fez foi a pessoa? Eu fiz? Como é isso cara-pálida?

Vamos colocar as coisas nos devidos termos: A governadora não é a dona do estado (embora ache que é), as obras públicas são custeadas com recursos oriundos dos nossos impostos, pagos religiosamente, descontados na folha de salários, em tudo que compramos, etc. O eu, o nós majestático faz crer que sua excelência retirou os recursos para as obras públicas do próprio bolso, esquece que até seu salário e sua pensão de servidora do Senado Federal são pagas por nós, contribuintes. Ela é a primeira servidora do estado e não a dona.

Será que sua excelência quer que nós, os contribuintes, que custeamos tudo, peçamos licença para percorrer as estradas que “ela fez”? Talvez agradecer pelo o asfaltamento dos caminhos. As estradas são todas bem-vindas e necessárias, mas são nossas. O governo é que nos deve, principalmente na qualidade das obras que executa. Muitas das MA’s, sobretudo estas feitas no calor do período eleitoral, não passam de vicinais asfaltadas, caminhos, na verdade. E feitas a preço de estradas decentes. Obras tão mal feitas que poucas aguentam dois invernos.

Outra coisa, me permitam dizer, a governadora precisa decidir se nas intinerâncias, estão fazendo atividades públicas, necessárias e devidas ou se estão fazendo campanha, onde solenidade públicas tem o propósito de fustigar os possíveis adversários. O Maranhão precisa sair da Idade Média. Solenidade pública não é palanque eleitoral, muito pelo contrário. Me soa estranho que esse tipo de pronunciamento seja divulgados por pessoas são servidores públicos, que prestam serviço estado. Será que perderam a noção do que é certo ou errado? Talvez apenas apostem na nossa secular impunidade. Ainda assim é estranho, por tudo, sobretudo pela ousadia. Se querem fazer campanha, aproveitando a complacência da justiça, assim como muitos da oposição fazem, que façam como evento privado e não usando a estrutura custeada pelos contribuintes.

Eu, excelência? Nós, excelência? Nada disso. Somos nós, o povo, que fizemos. Vós apenas administra. Os seus, apenas tomam conta. Muitas vezes confundem tudo, misturam o público com o privado ao ponto de se fazer esse tipo de pronunciamento. Se colocarmos na ponta do lápis, como dizia meu pai, com certeza, somos credores e não devedores dos favores do estado e de seus governantes. Ainda que estes governantes se achem o próprio estado.

O comportamento esdrúxulo parece tão comum na nesta terra que foram os próprios aliados da governadora que saíram por ai propagando o despautério. Não apareceu ninguém para dizer que fala era um absurdo sob qualquer aspecto. Não pareceu ninguém para dizer que o evento era oficial e não de campanha. Acharam foi bonito. Eita Maranhão de muro baixo.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

7 thoughts on ““L’état c’est moi”

  1. Muito bom e muito lúcido. Aprederao um dia. Isto é, um dia o povo acordará e refletirá sobre isso, então, o Maranhão e o Brasil, de fato, estarão instridos e democratizados. A luta continua, educação politica e boa informação para todos.

  2. A frase dita por Luiz XIV L’ETAT C’EST MOI está sendo utilizada pelo Michel Temer, presidente usurpador, que chegou ao poder sem o voto direto do eleitor, ao impor à maioria do povo brasileiro composta por trabalhadores honestos, o pagamento do rombo da previdência pelo qual não é responsável, visto que esse rombo se deve à má gestão do dinheiro público que foi desviado para outros setores, atendendo aos interesses dos grandes bancos nacionais e internacionais. Se todo o dinheiro que foi desviado fosse recuperado a previdência não estaria na situação atual de suposta falência.

  3. O José Carlos falou com propriedade. Vide o caso dos grandes clubes de futebol que devem, creio que todos, individualmente cifras na casa dos nove dígitos à previdência. Para não mencionar as aposentadorias “especiais” de que se beneficiam os políticos após “cumprir” um simples mandaro de 4 anos. Alguém aqui lembra o caso das ‘polonetas”? Pois é, Brasil: desde a ‘descoberta’ sempre explorado por seus descobridores.
    Tem razão o Sr. Neto Ferreira. Duplamente. Em sua crítica e no FATO do estado pertencer aos clãs (creio que 2 ou 3) que administram esta Capitania hereditária. Pena. Povo 200% mas pobre que é uma tristeza.

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