O valente conquistador Jerônimo de Albuquerque, em 13 de dezembro de 1614, do Forte de Santa Maria, do outro lado da Baía de São José, enviou seu parente, Gregório Fragoso de Albuquerque, a Paris, levando ao embaixador da Espanha na França, um relato infernal dos franceses no Maranhão. Entre as muitas denúncias dizia ele “Que o Senhor de La Ravardière tem dado terras, e índios a fidalgos e soldados seus, os quaes vivem fazendo fazendas, e as possuem como suas nas terras de El-Rei de Hespanha…”. E não é sem razão este relato do capitão, líder dos portugueses na batalha de Guaxenduba, vez que observamos consideráveis doações na Ilha Grande e no continente. Uma destas é a atual Ilha do Curupu, então batizada de Ilha Daniel de La Touche. E outra, tão importante quanto, é a Ilha do Cajual – que atualmente pertence ao município de Alcântara –, então cedida ao primeiro médico e cirurgião do Maranhão, Tomas de Lastre. Alguns historiadores o consideraram o primeiro cirurgião do Brasil (nessa época a população branca no país era diminuta, estimada em menos de trinta mil. Albuquerque nesta mesma carta diz que “tem mais de três mil portugueses”), fato aparentemente pouco crível. Verifica-se, inclusive, que, antes de De Lastre, o Maranhão já recebera outra visita ilustre de um médico francês, o boticário do rei Henrique IV, Jean Mocquet, o “guardão do gabinete das singularidades” do rei de França, que viera com La Ravardière em sua viagem à Guiana e ao Maranhão em 1604. Talvez tenha sido a primeira viagem destes dois últimos ao Maranhão. Mocquet, em sua última viagem oficial (ele fez ao menos cinco), desta feita à Palestina, trouxe mudas que foram plantadas no Jardim do Palácio do Louvre, hoje museu.
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