Mensaleiros políticos, condenados recentemente pelo STF por diferentes crimes, tendo tido, durante todas as quase intermináveis instâncias recursais, o direito da ampla defesa e do contraditório, agora recolhidos ao cárcere tentam, de todas as formas, se considerarem presos políticos (midiáticos), ‘mártires’ da injustiça e do revanchismo. Em verdade, são políticos presos por cometimento de graves crimes, por sentença transitado em julgado, ante a descoberta de um esquema ardiloso de compra de votos, de deputados de diferentes partidos, para perpetuação de um determinado partido no poder central. Uma trama jamais vista na história do país. Ressalte-se que quem rouba dinheiro público rouba a saúde e a educação dos pobres. É preciso parar, pois, de pousar como ‘vítimas inocentes’. Quem deve à Justiça, seja de que partido político for, tenha ou não um bom advogado, seja pobre ou rico, tem que ser responsabilizado por seus atos. Essa é a regra do jogo no estado de direito. A lei igual para todos.
E se o Roberto Jefferson não tivesse arremessado no ventilador e puxado todos para o fundo da mesma vala, podre, fétida e imunda? Quem saberia da tramoia? Quanto o país já teria amargado até agora de desvio de dinheiro? Quantos dos mensaleiros já estariam milionários? Que tamanho do roubo a falcatrua estaria causando ao erário público? Qual seria o montante de patrimônio de cada mensaleiro? Como o país consegue suportar tantos assaltos aos cofres públicos -vide os tempos de roubalheira no INSS- como ainda ocorre hoje, com esquemas descobertos em série, envolvendo fraudes licitatórias, formação de cartéis, peculato,etc?
Por outro lado, cabe indagar: será mesmo que político presidiário, sustentado na cadeia pelos impostos pagos por todos nós, com suspensão dos direitos políticos, ainda tem direito à manutenção do mandato e salário respectivo? A cassação do mandato não deveria ser automática como orientou o STF? Custo a acreditar que tal imoralidade venha a prevalecer. O voto secreto em plenário, com risco de efeito revanchista ao STF, é quem vai decidir? Em que outro país do mundo ocorreria tal contradição? O que dizer aos nossos filhos e netos?
Causa estranheza também ver tanta cara de pau de alguns políticos criminosos, condenados, de punho cerrado e braço levantado saindo na foto, como se ainda fossem ‘heróis da resistência’ ao regime militar e como se o STF fosse uma corte parcial e política. Registre-se que o que foi julgado foi o presente não o passado. Ainda bem que a corte suprema é livre, soberana, independente, não sofre e não aceita influência, manipulação e pressão de quem quer que seja, ainda que alguns já tenham tentado. Deram com os burros n’água.
Aqui ainda não é a Venezuela onde se almeja governar monocraticamente por decretos, com o poder máximo dado ao Executivo, numa afronta à democracia no mundo, encurralando-se o Judiciário e o Legislativo. O Brasil não é um estado totalitário. É um estado democrático de direito, calcado no pluralismo político, na harmonia entre os poderes, nos direitos e garantias individuais e na liberdade de imprensa, muito embora ainda com resquícios arraigados de que a lei ainda não é plenamente igual para todos. Até para visita (romaria) aos mensaleiros no cárcere há privilégios, como aconteceu na terça-feira 19/11, em Brasília- não era dia de visita- com a comitiva que se dirigiu para visitar Dirceu, Delúbio e Genoíno no Complexo Penitenciário da Papuda. O trio de figurões do PT. Outros cidadãos, sem tanto privilégio, permaneceram horas e horas numa fila para obter uma senha que os permitisse, no dia seguinte, dia regulamentar da visita, contactar seus parentes reclusos. Dois pesos e duas medidas.
Para as futuras gerações os mensaleiros deixam, portanto, um péssimo exemplo na conduta desviante, anti-ética e imoral. A história lhes fará a justiça final. Serão marcados pelo crime de lesa-pátria. Finalmente parece que começamos -antes tarde do que nunca- a entrar na nova era da igualdade de todos perante a lei. Assim sendo falta agora punir o outro mensalão, o que envolve políticos do PSDB, de Minas Gerais. A sociedade brasileira aguarda ansiosamente. Aos falsos ‘inocentes’, ladrões do dinheiro público, o rigor da lei. Detalhe: minha maior preocupação humanitária é com os pobres e os miseráveis, vítimas dos desvios do dinheiro público, num país carente de saúde, educação, saneamento básico e moradia digna.