Por Abdon Marinho
O que dizer sobre São Luís? Olho para a tela em branco e não me vem as palavras para descrever o que senti quando aqui cheguei, como era a minha São Luís. Se me foge as palavras o mesmo não digo das lembranças.
Logo que aqui cheguei fui estudar no Liceu. Como foram bons os meus tempos de Liceu, tão bons que duram até hoje, tanto pelas lembranças quanto pelas amizades que cultivamos até os dias atuais. Depois veio a faculdade, com boas lembranças, bons amigos, mas o que ficou marcado foram aqueles primeiros anos na minha São Luís.
A minha São Luís é cine Passeio. Quase todos os sábados estava lá. As vezes ia ao cine Roxi (ninguém é de ferro), do cine Monte Castelo. Íamos em grupo quando saíamos mais cedo do Liceu ou dia de sexta-feira, posteriormente ao cine Alpha, como era grande, tinha galeria, praça de alimentação… Mas o Passeio era o principal.
A minha São Luís é a GD. Quantas não foram as vezes que fomos aquela praça, bater papo, jogar conversa fora… O largo dos amores, com seus sobrados, sua história.
A minha São Luís é a Praça da Saudade, a Deodoro, a Odorico Mendes, a João Lisboa, a Praça de Santo Antônio e tantas outras. Andava só ou em grupo, a pé por todos esses lugares, saia da Deodoro pegava a Rua do Passeio até a casa do estudante, depois dava uma chegada até a praça da saudades, voltava e pegava o ônibus na parada das Cajazeiras em frente ao Socorrão.
A minha São Luís é da Rua da Paz, do Sol, dos Remédios, Grande, Santana, do Norte, e também dos seus becos, ruas, becos, travessas que subia e descia a qualquer hora, sem qualquer receio.
A minha São Luís é do largo do Carmo, do hotel Ribamar, do ferro de engomar…
A minha São Luís é das pedras de cantarias, dos pórticos, dos seus paralelepípedos, daquelas pedras que servem de banco na Praça Deodoro enquanto esperava para entrar no Liceu ou para pegar o ônibus na volta para casa.
A minha São Luís e do Centro Histórico. Ainda hoje lembro do poema em pedra e cal escrito pelo governador Cafeteira quando entregou a primeira parte do centro, os demais governos esqueceram de continuar o projeto e de conservar o que fora feito.
A minha São Luís é da biblioteca Benedito Leite, quantas vezes não passei dias inteiros nos seus salões estudando ou apenas lendo suas obras? Dezenas, centenas. As vezes também ia a Casa de Cultura Josué Montello.
A minha São Luís é das fontes. Fonte das Pedras, Ribeirão…
A minha São Luís é das Igrejas. Igreja da Sé, do Carmo, de São João, de Santo Antônio, de São Pantaleão, do Desterro, da capela de Santaninha…
A minha São Luís é do teatro, dos museus…
A minha São Luís é dos mercados, dos atacados, do ceprama…
A minha São Luís é das boas lembranças que tive, das amizades que fiz, dos momentos que vivi. Dias, fatos e circunstâncias que me fizeram o que sou.
A minha São Luís é desse amor profundo, dessa emoção indizível, desse bem querer…
A minha São Luís é da saudade. Como é bom lembrar e sentir o sinto agora. Como é bom poder dizer que vivi essa cidade. Como é bom saber que ela me fez conhecer pessoas tão boas e que estão presentes na vida e/ou na lembrança para sempre.
Feliz aniversário minha São Luís, te desejo sorte e amor. que te amem e parem de tanto te maltratar. Que te amem desinteressados, como deve ser amor e não apenas “da boca para fora” ou nos cansados discursos de sempre.
Feliz aniversário minha São Luís. Obrigado por tudo.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.