O temor reinante em Brasília com a reação que Jair Bolsonaro terá caso Lula ganhe a eleição fez o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, convidar o presidente do Senado e o presidente da Câmara dos Deputados para acompanhar o andamento da apuração junto com ele, na sede da Corte.
Pelo plano de Moraes, logo após o final da contagem dos votos, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL) fariam em seguida uma declaração conjunta atestando a lisura do processo e corroborando o resultado.
No primeiro turno, Pacheco já acompanhou a apuração no gabinete de Moraes, acompanhou a coletiva de imprensa, mas não deu nenhuma declaração.
Além do presidente do Senado, estiveram na sede do TSE no primeiro turno a maioria dos ministros do Supremo, o presidente interino do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e dezenas de representantes de embaixadas. Todos esses estarão lá novamente no domingo.
A dúvida é sobre a presença de Lira, que não foi ao TSE no primeiro turno e até agora ainda não respondeu se estará no segundo.
O presidente da Câmara já vinha cogitando, durante a semana, promover uma reunião de líderes partidários na residência oficial da presidência da Casa para acompanhar o andamento da apuração e depois fazer uma declaração também defendendo o respeito ao resultado das urnas.
Aliados de Lira, porém, consideram que pode não ser prudente, politicamente, ele aparecer junto com Moraes quando o resultado for anunciado, ainda mais se Lula ganhar.
Defendem que Lira preserve o cacife com Jair Bolsonaro em ambos os cenários, vitória ou derrota do presidente da República, até para poder atuar como fiador da estabilidade democrática caso haja alguma ameaça de golpe.
A possibilidade de a disputa pelo Palácio do Planalto terminar com uma margem apertada de votos, de menos de 4 milhões de votos ou até menos, é considerada altamente provável, seja quem for o vencedor.
Por isso, preocupa generais e ministros do Supremo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Um dos temores é o de que um placar apertado dê munição para o presidente Jair Bolsonaro reforçar a artilharia contra as urnas eletrônicas e o processo eleitoral – ou mesmo contra novos alvos, como emissoras de rádio do Nordeste – se recusando a reconhecer uma eventual derrota no voto popular.
No primeiro turno, Lira ficou em Alagoas.
Do O Globo