Pouco mais de dois meses depois de se submeter à quarta cirurgia em 20 meses para combater um câncer na região pélvica, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez morreu nesta terça-feira, em Caracas, aos 58 anos, às 16h25m (horário local). Ele havia regressado há pouco mais de duas semanas de Havana, onde permanecia internado desde a operação, mas não foi visto em público. As únicas imagens do presidente foram divulgadas há duas semanas, em fotos ao lado das filhas. O anúncio foi feito pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, em cadeia nacional de TV e rádio no hospital militar em Caracas onde o presidente venezuelano estava internado. Nas próximas horas o governo anunciará os detalhes do funeral do presidente.
– Chávez deixa como herança uma pátria livre e independente. Temos que crescer nesta dor. Comandante Chávez, obrigado por tudo o que fez por este povo. Pedimos que nossa dor seja canalizada em paz, com tranquilidade. Convocamos todos os venezuelanos a ser vigilantes da paz, do respeito, da tranquilidade desta pátria. Transmitimos a seus familiares e a todo povo nossa dor nesta tragédia histórica – afirmou Maduro.
Emocionado, Maduro chorou durante o pronunciamento.
– Os que morrem pela vida não podem ser chamados de mortos. Honra e glória para Chávez, que viva para sempre.
Minutos após o anúncio do vice, o almirante Diego Molera, ministro da Defesa as Forças Armadas, emitiu um comunicado em rede nacional. Mollero fez um chamado à unidade nacional e reafirmou que as Forças Armadas estão a postos para garantir a soberania de todos os venezuelanos e fazer cumprir a ordem constitucional.
– As Forças Armadas estão unidas para fazer cumprir os preceitos da Constituição e a vontade de Chávez – disse. – Maduro e Cabello: contem com as Forças Armadas.
María Virginia, uma das filhas do presidente e frequente usuária do Twitter (@maby80), comentou a morte do pai ao responder a um post do grupo da rap portorriquenho Calle 13 (@Calle13Oficial) lamentando o falecimento.
“Obrigado. Mil vezes obrigado. Abraço. À frente, sempre!”, escreveu María Virginia.
Reeleito em outubro para um quarto mandato de seis anos para o qual nem chegou a tomar posse, ele passou 14 anos no poder. A morte do presidente joga o país num cenário de incertezas, com dúvidas sobre a continuidade do chavismo e sobre a capacidade de união da oposição. Segundo a Constituição venezuelana, o governo é obrigado a convocar eleições em até 30 dias. O vice-presidente Nicolás Maduro, indicado por Chávez como seu candidato, assume interinamente durante o período.
Nomeado para o cargo em outubro passado – na Venezuela, o vice não é eleito, mas indicado pelo presidente -, Maduro permaneceu no posto sem ter seu mandato renovado com o início de um novo período constitucional em 10 de janeiro, quando Chávez tomaria posse, graças ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que interpretou a Carta Magna de forma a garantir a continuidade do vice mesmo sem a ratificação presidencial. Se Maduro não estivesse no cargo, assumiria o outro homem forte do chavismo: o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Chávez tentou se firmar como líder regional e exportou seu modelo. O receituário de governo personalista, centralizador, com retórica de combate à iniciativa privada e controle de meios de comunicação, mudanças constitucionais e investimentos em projetos sociais foi adotado em países como Bolívia e Equador, entre outros.
Mas se Chávez procurou expandir o chavismo, não se preocupou com a escolha de um sucessor. Somente quando não pôde mais ocultar os danos causados pelo câncer – sobre o qual nunca deu detalhes à população – o presidente escolheu Maduro, um ex-dirigente sindical, como herdeiro político. Há dúvidas se nomes fortes do Partido Socialista Unido da Venezuela, principalmente os das Forças Armadas, vão acatar a indicação de Chávez após sua morte.
Oposição e aliados na expectativa
Do outro lado, a tradicionalmente fragmentada oposição tem o desafio de consolidar sua unidade. Em outubro, a coalizão opositora teve seu melhor desempenho nas urnas nos anos chavistas com a candidatura de Henrique Capriles, que obteve o apoio de 6,5 milhões de eleitores (44% do total) com um discurso voltado para o futuro e evitando ataques diretos a Chávez.
Apesar dos resultados desta estratégia, após o pleito, opositores trocaram acusações nos bastidores sobre quem seria o responsável pela derrota, com queixas de que a campanha poderia ter adotado tom mais agressivo contra o presidente. A mesma dificuldade de unificar o discurso ocorreu durante as manobras chavistas em torno do que ocorreria no dia 10.
Capriles pode agora se firmar como líder da oposição. Reeleito para o governo de Miranda, numa campanha em que a oposição perdeu quatro dos sete estados que comandava, terá que apresentar um novo modelo de governo em meio à comoção pela morte do presidente.
No campo econômico, a saída de cena de Chávez é vista como oportunidade de mudanças. O país tem as maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, mas a gestão da estatal PDVSA, usada como fonte de recursos para programas sociais, teve como resultado a queda da produção e acabou minando o interesse dos investidores estrangeiros nesta área. A insegurança causada pelas estatizações e mudanças de regras também contribuíram para afastar investimentos na era Chávez.
O futuro da Venezuela traz expectativa e incerteza também para os aliados. Cuba e Nicarágua se beneficiaram de prática recorrente da política externa chavista: o envio de barris de petróleo a preço abaixo do mercado. A Venezuela assumiu o papel da antiga União Soviética como mecenas do castrismo
HOGO CHAVES, TINHA UMA LINHA DE GOVERNAR QUE DESAGRADAVA, ALGUNS PAISES, MAIS EU PESSOÁLMENTE, TENHO COMHECIMENTO DO TRABALHO SICIÁL NO COMBATE A POBRESA, ESTE ÉRA, O LADA BOM,