Por Abdon Marinho
Uma das melhores peças publicitárias do governo estadual, na minha opinião, é aquele em que aparece um senhor falando do encantamento do seu netinho com uma estrada, segundo ele, ‘uma estradinha luminosa, brilhosa’. Chega a ser emocionante ver a diferença que faz na vida das pessoas algo assim. Quem conhece o interior do Maranhão sabe a importância das estradas para as suas populações, muitas das vezes a diferença entre a vida e a morte.
Quando vi divulgarem o plano rodoviário falando em garantir o acesso de todas as sedes municipais por, pelo menos, uma via, achei o projeto muito bom. Tratava-se – e ainda se trata – de uma necessidade, uma política estratégica que poderia, aliada a outras políticas, contribuir com o desenvolvimento do estado. Assim como reconheci e manifestei satisfação com a construção de novos hospitais na capital e no interior, outra necessidade premente. (sobre a situação da saúde escreverei um texto específico).
Quando as obras começaram, observei e falei inúmeras vezes sobre a péssima qualidade das mesmas. O dinheiro público estava, simplesmente, sendo jogado na lama. O Estado usando recursos públicos essenciais para o nosso desenvolvimento para enricar meia dúzia de espertalhões. Pelo que via – e disse mais de uma vez –, não havia qualquer base nas estradas, estavam – e ainda estão –, colocando asfalto (bem fino, aliás) sobre a poeira das estradas. Não previa, constatava que na forma que estavam construindo as estradas, a maioria não suportariam dois invernos.
O tempo passou e as chuvas, apenas um pouco acima do normal, fez brotar a verdade mais cedo: a maioria das estradas do Maranhão, inclusive as novas, as recém-recuperadas, apresentam problemas, os mais diversos.
A mesma realidade em todos os cantos. Na ilha as MA’s, a exemplo das vias dos municípios, tornam a vida do motoristas um desafio, com pontos que ficam intransitáveis sempre que chove, que obrigam proprietários de carros gastarem seu tempo em revisões e mais revisões, graças a buraqueira inclemente. Sim, pois não tem carro que resista a passar todos os dias em rodovias como como a MA 201 (estrada de Ribamar, nos dois sentidos), é inacreditável que o governo do Estado do Maranhão, com todos os recursos que possui não consiga resolver seus problemas, na maior parte das vezes, são os mesmos buracos, nos mesmos lugares, de anos anteriores, até arrisco apontar como os mais graves os localizados nas proximidades da Química Norte; mais adiante, logo após o cemitério, chegando ao acesso da Kiola. Na MA 204, os pontos mais graves estão nas proximidades do Valparaiso e logo em frente, onde ficam os bares. Na MA 202, os problemas é em quase toda sua extensão, do retorno da forquilha à Praça da Maioba.
Não se consegue entender como o governo ano após ano tenha que fazer obras paliativas nestes locais e nos que vão surgindo noutros lugares e não consigam resolver em definitivo, ou ao menos, que não tenham que intervir todos os anos. Sempre que passo por essas vias, não consigo deixar de pensar no tanto que o governo é ineficiente. A buraqueira apenas serve para atestar a incompetência dos gestores, pois não é possível que não não saibam como resolver a mesma buraqueira de sempre. É de causar espanto quando sabemos, por exemplo, que a MA 204, já apresentava os mesmos problemas existentes antes mesmo de retirarem as placas anunciando a realização da intervenção e justamente no local onde ficava a placa vemos o mesmo lamaçal de antes, com os jovens que saem do colégio se desviando dos banhos de lama de algum motorista descuidado ou estes tendo carros avariados no buracos.
Não pensem que é apenas aqui. Não é. Aqui talvez esteja até melhor que no resto do interior. A MA que liga Pinheiro a Vitória do Mearim, foi recuperada no ano passado, com direito a comercial, a mídia grandiosa, a exploração política. Pois é, as notícias que chegam dão conta de uma infinidade de buracos; a do acesso a Cururupu, que sofreu intervenção recente, apresenta os mesmos defeitos, também sentidos entre Cujupe e Pinheiro, apenas para citar algumas das estradas mais importantes. A realidade é a mesma por onde passamos. Quase, senão todas apresentam necessidades de reparos. Milhões e milhões de reais que saíram dos cofres públicos e que ninguém sabe onde foram parar. Talvez no cofre de alguma campanha. Alguém duvida?
Se fico decepcionado com o que vejo? Não, isso eu já sabia, era pedra de jogo cantada. Sentença certa como dois mais são quatro e para qual alertara desde que começaram. Conhecendo esse povo já sabia, nada surpreende. Estou habituado a ver os sonhos dos maranhenses serem desfeitos. Na verdade, fico pesaroso ao pensar no netinho daquele senhor do comercial do governo do estado ao ver sua estradinha tão brilhosa, tão luminosa, se desmanchar, virar crateras e lama. Penso que uma criança não deveria – ainda tão jovem –, passar por tamanha decepção.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.