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O debate dos sem razão

Por Abdon Marinho

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

Meu pai costumava dizer um dito muito popular outrora: “Meu filho, em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. Lembrei disso ao ler hoje que os deputados estaduais, nossos operosos representantes do povo, se confrontaram sobre os últimos dados sobre o Maranhão. Como não poderia de ser cada um dos contendores, mais preocupados em fazer política e ignorar os dados. A velha politicalha de sempre que só puxa o estado para o fim da fila. Talvez falte as suas excelências conhecimento, legitimidade ou simplesmente capacidade para debater o que de fato vem ocorrendo com o nosso estado.

Um debate sério deve contemplar alguns questionamentos. Vejamos:
A educação do estado que os governistas alardeiam como tendo apresentado avanço, conforme mostramos aqui, teve um péssimo desempenho no ENEM, sendo que as nossas escolas de ensino médio, todas elas, mas principalmente as públicas, ficaram, nas últimas posições no ranking.

Em seguida o resultado do PISA confirmou não só a péssima posição do Brasil e a do Maranhão, estando o nosso estado à frente apenas de Alagoas. Em resumo, o nosso estado está na rabeira da rabeira. Na fim da fila do Brasil que está no fim da fila do mundo.

Com relação ao propalado crescimento cujo os números não discuto, o que temos é quase a totalidade dos municípios com uma renda per capita mensal ínfima, insuficiente para que o cidadão tenha uma vida minimamente digna.

Caso quisessem suas excelências poderiam debater essa aparente contradição que é um crescimento ao mesmo momento em que o povo fica cada dia mais pobre. O estado tem recebido muitos aportes financeiros, bilhões em transferência de rendas direta, investimentos através de agências e outros órgãos do governo federal a exemplo da CODESF e ministérios justificam parte do crescimento apesar disso o povo continua sem usufruir deste crescimento amargando a mesma miséria de sempre.

Poderiam discutir e encontrar uma solução para o fato de tantos investimentos terem sido feito principalmente no setor de produção primária e o Maranhão está importando para alimentar seu povo até maxixe. Talvez suas excelências não saibam mas não temos mais no estado a pequena agricultura, o arroz, feijão, milho, fava, etc, não temos mais galinha, ovo, porco no quintal. Para se ter uma compreensão, até hortaliças aqueles que produziam estão comprando vindo de outros estados.

Trata-se de um fato emblemático o quanto nossa pequena produção ficou reduzida nos últimos anos. Quais razões disso? Quais os efeitos para o estado? Um estado tão rico em recursos hídricos não possui uma produção agrícola suficiente para alimentar sua população. Ora, o normal, tivesse o Maranhão cumprido o seu destino, seria exportamos uma produção excedente ao invés disso, importamos tudo.

Poderiam debater e encontrar uma solução para a crescente onda de violência responsável por centenas de mortes só esse ano, milhares nesta década.

Poderiam debater sobre o crescente tráfico de drogas na capital e cidades do interior que atormenta as famílias maranhenses.

Poderiam discutir que fim levou os grandes projetos que principiaram instalar no estado e que hoje se encontram abandonados.

Poderiam discutir que fim levou os bilhões de dólares responsáveis pelo nosso endividamento e que ao olharmos para os lados não vemos resultado dos investimentos que foram feitos.

Como vemos, a pauta a exigir um debate sério é extensa. Temos problemas graves e que cobram um posicionamento firme das autoridades competentes. A educação que consideramos a raiz de todos os demais não pode continuar como está. Faz-se necessário que se resolva esse problema. Se está no ensino fundamental, e acreditamos que sim, urge que o setor trace metas a serrem alcançados por estes estudantes, que se garanta condições de ensino iguais para todos, que se auxiliem os municípios com sua política educacional.

Quantos anos mais suportaremos a situação em que nos encontramos hoje? Quanto tempo mais ficarão suas excelências nesse jogo de empurra ao invés de enfrentarem e resolverem o problema!? A gravidade destes problemas exigem bem mais que discursos ocos ou debates estéreis.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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