Por Valmir Abreu
Era uma vez, em tempos de grandes decisões, um político se viu diante de um dilema
quase shakespeariano: “Ficar ou não ficar, eis a questão.”
Naquele momento, com os holofotes voltados para ele, os murmúrios se espalhavam pelos
corredores do poder. Uns apostavam que ele daria espaço ao “crustáceo”
–
“o fiel
escudeiro que aguarda sua vez”
–, enquanto outros juravam que ele tinha planos para a
câmara alta do Brasil.
Mas então, numa tarde ensolarada, nas margens do rio pericumã – baixada maranhense,
ele decidiu canalizar o espírito de Dom Pedro I, que em (9/1/1822), há 203 anos declarou
com peito estufado: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao
povo que fico!”
No entanto, este político moderno “passado na casca do alho” como se diz aqui no
nordeste, sabe como ser enigmático. Em sua declaração, soltou algo como: “Minha
missão é maior do que cargos e títulos. Tenho responsabilidades com o povo, com a
gestão, e com as ideias que me trouxeram até aqui. O futuro? Bem, o futuro a Deus
pertence… e aos estrategistas políticos também!”
Deixou no ar, como que pendurando a decisão em um varal de incertezas. Ficará até o
fim, liderando com força e firmeza? Ou será que esta fala é um ensaio para uma despedida
heróica rumo a novos desafios?
Enquanto isso, o “crustáceo”
– sempre elegante e educado – aguarda, sorrindo de canto,
como quem pensa: “Se ele for, já estou aqui. Se ficar, continuarei aqui também.”
No final, a plateia, composta de eleitores curiosos, ficou com a dúvida que alimenta o
cenário político desde 2022: quem realmente fica e quem só está de passagem?
Porque, sejamos francos, na política, o “fico” pode ser tão transitório quanto o “vou”, e a
cadeira de poder não gosta de ficar vazia por muito tempo.
# 9 de janeiro de 1822 entrou para a história como o dia em que Dom Pedro I publicamente declarou
que ficaria no Brasil e não retornaria para Portugal.