O jornal O Imparcial me demitiu do seu quadro de editores nesta terça-feira, 29, por discordar de forma intolerante da publicação de uma nota na íntegra do deputado federal Domingos Dutra (PT) esclarecendo sobre acusações veiculadas em reportagens publicadas em O Estado do Maranhão com base em informações do deputado federal Francisco Escórcio (PMDB).
Na noite de segunta-feira, fui chamado pelo diretor de redação do jornal, Raimundo Borges, para que providenciasse matéria sobre as denúncias de O Estado acerca de suposta manutenção de uma funcionária fantasma no gabinete do deputado que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
Na recomendação da cobertura ao caso, o diretor de redação aludiu a reportagem publicada na edição de O Imparcial do sábado passado, na qual Dutra figurava como personagem da notícia de forma a projetá-lo positivamente. “Quando o Dutra tem coisa positiva nós cobrimos. Não vamos acobertar bandalheira do deputado”, recomendou. Seria o caso então de dar publicidade unilateral ao caso reportado pelo jornal dos Sarney.
Designado para fazer a reportagem, o repórter Agenor Barbosa tentou contato com as fontes da tal “notícia-crime”, envolvendo o deputado Domingos Dutra, como acusado; e o deputado federal Escórcio, como autor das denúncias. Não sendo possível contatar com Escórcio, conforme o mesmo me relatou mais tarde, Barbosa produziu uma matéria com base em nota de esclarecimento do deputado petista, divulgada ainda na noite de segunda-feira, 28.
Para minha surpresa, na manhã desta terça-feira, o mesmo diretor de redação manifestou sua indignação com o teor da nota publicada na íntegra. No seu entendimento, escrita com “linguagem vulgar e baixa” e de maneira alguma atendendo às intenções da reportagem.
Segundo palavras do diretor o teor da matéria recomendada seria totalmente contrário a que foi publicada.Conforme revelou mais tarde em conversa pessoal, o interesse do jornal era incriminar o deputado, desconhecendo que a contratação da tal “empregada doméstica” fora desmentida na edição de segunda-feira pelo mesmo O Estado do MA.
De acordo com o diretor de redação, a publicação da reportagem colocou em dificuldade a empresa. Segundo ele, a ordem da demissão partiu do diretor-presidente do jornal, Pedro Freire. Há pouco mais de um mês o jornal publicou na capa, editorial em defesa da liberdade de expressão, se solidarizando com a classe quando do assassinato do jornalista do Sistema Mirante, Décio Sá (morto em 23 de abril deste ano).
Fez eco às palavras usadas pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que na ocasião qualificou o crime como “atentado à democracia”, corroborando o comportamento servil de um imprensa aferroada ao ganho, sem vínculo com a verdade e com o pensamento livre. Exemplo disso pode ser constatado na edição de amanhã do jornal, quando Escórcio tem vez solitariamente, segundo o manual do bom jornalismo forjado pelo jornal fundado por Assis Chateaubriand no Maranhão.
Leia abaixo a Nota de Esclarecimento (e de ingnação de O Imparcial).
Diante das reiteradas matérias levianas publicadas pelos meios de comunicação da Oligarquia Sarney e em respeito aos maranhenses honestos esclarecemos o seguinte:
1 – O que parecia estranho adquire forma de certeza: o Governo da oligarquia que controla o Estado do Maranhão, seus meios de comunicação e prepostos não querem desvendar a execução do jornalista Décio Sá. Por este motivo, em toda as tentativas do Deputado Domingos Dutra e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de contribuir com o esclarecimento do bárbaro assassinato, o Governo do Estado tenta desviar as atenções com matérias contraditórias e mentirosas. Foi assim quando a Comissão esteve em São Luís nos dias 08 e 09 do corrente mês. Ocorreu o mesmo quando foi solicitado ao Ministro da Justiça a transferência das investigações para Policia Federal. Agiram da mesma forma quando o caso chegou à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), pelas mãos do Deputado Domingos Dutra. Ou seja, as falhas nas investigações, a não divulgação do retrato falado e a prorrogação das investigações após 35 dias da execução indicam que o mandante do assassinato de Decio Sá pode ter suas pegadas nos jardins do Palácio dos Leões. Os meios de comunicação da oligarquia devem esclarecer porque silenciaram por completo a respeito do assassinato de Décio Sá, funcionário que serviu por mais de 17 anos ao Sistema Mirante de Comunicação, pertencente à oligarquia. Se este crime tivesse ocorrido no governo de Jackson Lago a oligarquia já teria solicitado intervenção federal no Estado;
2 – As tentativas de envolver a advogada e psicóloga NÚBIA DUTRA nas matérias levianas, deve-se à sua crescente candidatura à prefeitura de Paço do Lumiar, município onde a oligarquia prepara o NETO DA SERPENTE, Adriano Sarney como candidato a prefeito no lugar de Bia Aroso. Estamos preparados para enfrentar o serpentário inteiro;
3 – É impossível nomear fantasmas na Câmara Federal em face das exigências burocráticas. A quebra do sigilo bancário da pessoa que a oligarquia tenta manipular é suficiente para comprovar que era a mesma quem recebia seus proventos;
4 – Os meios de comunicação da oligarquia se desmentem a cada mentira: uma hora dizem que a suposta vítima era doméstica. Outra hora afirmam que esta pessoa era auxiliar de escritório;
5 – A oligarquia que possui muitos detentores de mandatos e há anos, sabe que a forma de tomar posse e da execução do trabalho dos assessores que ficam em Brasília é diferente dos assessores que servem os parlamentares no Estado. Se oligarquia considera que todos os assessores que trabalham no Estado são fantasma desafio a se passar a limpo o que fazem e onde estão os assessores dos parlamentares que lhe representam no Estado do Maranhão;
São Luis (MA), 28 de maio de 2012
DOMINGOS DUTRA Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara e NUBIA DUTRA Advogada e Psicóloga