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O Maranhão fracassou?

Por Abdon Marinho

Advogado Abdon Marinho.
Advogado Abdon Marinho.

Ontem escrevi um breve comentário intitulado “rabo de cavalo”, dizia sobre o descompasso entre a propaganda do partido da governadora, ela a frente e a dura realidade dos números. Comercial do governo e de outro partido da base aliada, o DEM, seguem na mesma linha. Falam do espetacular crescimento do Maranhão, que cresce, segundo dizem os comerciais, por obra e graça dos governantes de plantão, em um ritmo bem superior a média nacional e do nordeste.

Questionava, sem discutir, os números, sou um mero observador, como isso é possível se o Maranhão ostenta os piores índices de desenvolvimento, ficando à frente apenas do Estado de Alagoas?

Pois bem, como os fatos não me deixam mentir, logo em seguida veio o programa “globo repórter” mostrando a realidade do interior do Brasil que dá certo, vi e me encantei com uma cidadezinha recém emancipada com renda per capita anual de mais de 60 mil, a média de São Paulo, estado mais rico da federação é de apenas 40 mil, e muitos outros exemplos espalhados pelo país inteiro. Apesar do nosso crescimento cantado em prosa e verso pela propaganda oficial e dos partidos aliados do governo, não vi um único município maranhense como exemplo de desenvolvimento para o Brasil, nem eu, nem ninguém viu. Não vimos porque não existem.

O Maranhão trabalha com o roteiro de uma economia dependente dos favores do governo. Quanto mais miséria, mais a perpetuação da dependência econômica e política. Essa é uma das razões do nosso insucesso.

Já disse outras vezes, aqui mesmo, que o Maranhão desafia a lógica na manutenção de sua miséria, pois possuímos condições naturais únicas e permitiriam diversas formas de crescimento, turismo, produção agro-pecuária, industrial, etc. Apesar disso permanecemos na produção de subsistência (quase inexistente) e na exportação de matéria-prima. Algo vai muito errado pois em todos os recantos do estado poderíamos ter um modelo de desenvolvimento. Temos recursos hídricos, naturais, minerais, temos um solo rico, um litoral vasto. Entretanto nada disso serve para desenvolver o estado e tirar o nosso povo da miséria.

O pior é que esse modelo de “não-desenvolvimento” já contamina o povo. As pessoas começam a desconfiar de sua própria capacidade laboral e ficam à espera da distribuição dos favores e esmolas governamentais, bolsa disso, bolsa daquilo. A educação é um caos.

Acredito que as crianças do Maranhão, que estudam na rede pública não tenham mais que duas horas de aprendizado diário, e olhe lá. A maioria começam as aulas pelas 7:00 horas, professor levar mais trinta minutos para fazer a chamada, mais um tanto chamando a atenção, logo é recreio, em seguida começam a contar os minutos para saírem, as onze estão a caminho de casa. Existe educação neste ritmo? Na verdade, parece-me que estudam apenas para justificar o nome nas bolsas e para passar de ano. Muitas escolas passam meses sem professores de disciplinas básicas.

Nos últimos tempos tenho viajado muito pelo interior do estado e o que tenho visto é um cenário de desolação, como sempre digo, a exceção, se há, é apenas para justificar a regra.

Vendo o programa de ontem experimentei dois sentimentos, que confesso aos amigos: o primeiro foi de extrema felicidade ao ver que o nosso interior pode se tornar um propulsor da economia nacional, o Brasil pode crescer e distribuir renda a partir das produções de pequenos municípios, desde que estes explorem suas vocações naturais. O segundo foi de insatisfação ao ver o Maranhão, ao longo de sua existência, tem perdido o bonde da história, perdido a chance de se desenvolver, apesar de possuir todas as condições necessárias para isso.

Vendo tudo isso ficamos com a convicção que o Maranhão fracassou, resta saber se vai continuar a trilhar por esse caminho ou se vai buscar e implantar um projeto de desenvolvimento. Sabemos que isso não é difícil basta que se aproveite as coisas que já se tem e as incentive. Uma coisa aqui outra ali, e logo o estado como um todo experimentará um outro patamar de desenvolvimento. Isso é bem diferente de se endividar o estado para projetos megalomaníacos que só interessa aos que tem interesse em ficarem ricos à custa dos recursos públicos.

O caminho é fácil de seguir, basta apenas vontade e determinação. Os próximos governantes, quaisquer que sejam precisam ter coragem de romper com esse círculo de atraso e dominação.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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