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O mito da competência técnica

Por Abdon Marinho

Abdon Marinho.
Abdon Marinho.

Em Belém do Pará, pensava que estava no Ceará; em Imperatriz no Maranhão, pensava que estava no Amapá; em Bruxelas, na Bélgica, referiu-se à União Européia como um país e num discurso de cem palavras não conseguiu ordenar uma ideia minimamente lógica; em Rondônia culpou as cheias dos rios bolivianos pelas enchentes no norte do Brasil; pensa que a Venezuela é uma democracia avançada e que Cuba é um modelo a ser seguido.

Agora, Dilma que sempre apresentada ao pais, à patuleia do andar de baixo como uma técnica capaz e uma gerente eficiente confessa candidamente que autorizou, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, um contrato, que por baixo – cada dia aparece uma informação nova –, causou à empresa um prejuízo de três bilhões de reais. O número, até aqui é esse mesmo, TRÊS BILHÕES DE REAIS. É sobre esse assunto que falaremos mais uma vez.

Os veículos de comunicação de hoje noticiam a demissão do Sr. Nestor Cerveró, diretor da Petrobras e um dos principais responsáveis pela compra da refinaria de Passadena, Texas (USA).

Vamos recapitular a história. Quando surgiu a notícia de que a atual Presidente da República, uma técnica “competente”, uma gerente de primeira linha – embora ninguém nunca tenha sabido de nenhum negócio gerido por ela que tivesse sido sucesso, e segundo se noticia, faliu um “armarinho de linhas”, tempos atrás –, participara e autorizara a compra da refinaria americana, na realidade uma sucata, ela própria, segundo dizem, participou da elaboração da nota, na qual reconhecia que autorizara porque não tinha conhecimento de todos os detalhes do negócio, inclusive de duas cláusula, uma que obrigava a remuneração da sócia, independente de lucro ou prejuízo que o negócio tivesse e outra que obrigava a sócia brasileira (Petrobras) a comprar a parte da outra sócia em caso de desentendimento (pense num desentendimento que deve ter sido “cavado”). A ninguém ocorreu a ideia de verificar o milagre de um sucata valer num ano US$ 42,2 milhões e no ano seguinte sua metade valer ao menos oito vezes mais.

Nos últimos dias os líderes partidários do governo e seus satélites se revezaram na defesa do negócio. Foram além acusaram a oposição de tentar prejudicar a empresa, desmoralizá-la no cenário internacional.

Pois bem, diante da demissão do Sr. Cerveró, surge uma pergunta aos líderes governistas e seus satélites, se o negócio da compra era tão bom quanto não cansam de dizer, um “negócio da China”, como diria meu pai, por que demitiram o sujeito que nos conseguiu a “barbada”? Que num tino comercial estupendo achou a maravilha de investir TRÊS BILHÕES DE REAIS (é sempre bom repetir o número) num negócio cuja a maior oferta de venda até hoje não chega a US$ 200 milhões?

Vamos fazer a pergunta em sentido inverso. Se, como preceitua a nossa técnica competente, investida no cargo de presidente da República, o negócio só foi feito porque se ignorava as cláusulas ruinosas, por que só agora, passados quase oito anos, se demitiu um dos responsáveis? não souberam disso desde o começo quando tiveram que remunerar a sócia belga apesar do negócio só render despesas? Tudo bem, vão dizer que deixaram passar. Mas não souberam em seguida quando a sócia “cavou” a desavença para obrigar a comprar, porque não demitiram naquele segundo momento?

Em resumo, nos sobra ao menos duas perguntas: Por que demitir o sujeito ao invés de promovê-lo se se o negócio foi uma excelente sacada comercial, capaz de deixar os comuns mortais embasbacado com a “sacada” genial de se comprar uma empresa por quase US$

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1,5 bilhões e não encontrar ninguém que dê pela mesma empresa nem US$ 200 milhões? É coisa de gênio. Ou por que demitir o cidadão só agora depois do escândalo ganhar as manchetes? Vão dizer que só descobriram a lambança agora!?

Resta-nos, ainda algumas indagações: Como uma empresa que possui em seus quadros técnicos? competentes? caem numa “roubada” desta magnitude? Como técnicos (?) competentes (?) permitiram que a direção da empresa cometessem tamanho desatino? Como é que ninguém alertou a direção da empresa ou seu conselho? Alertaram e ignoraram?

Se o negócio, como dizem a malta governista, foi de gênio, precisam explicar ao povo do andar de baixo, essa patuleia ignóbil que o importante é pagar ao menos dez vezes mais pelas coisas que compramos. É simples, é fácil convencer que o cidadão comum que se ele for comprar uma casa deve pagar dez ou vinte vezes o valor do imóvel que ainda assim estará fazendo um bom negócio. Que talentos não está perdendo nossas faculdade de administração?

Por outro lado, se de fato estão convencidos e resolveram assumir a “burrada” que fizeram para essa mesma patuleia ignóbil, é bom que comecem explicando a razão da demora em se demitir parte dos responsáveis, até aqui, quase oito anos depois, apenas um.

A impressão que fica é que o país não tem comando, que as coisas vão acontecendo sem que ninguém se importe com os desvios dos recursos públicos, qualquer um vestido de “técnico competente” pode ir tirando o seu e vai ficando por isso mesmo. Fica também impressão que os dirigentes da empresa nomeados com base na qualificação política foram e são tão incompetentes que enganá-los, como parecem que foram, é coisa mais fácil que há. Finalmente, fica a impressão que o país, ao invés de está sendo administrado por técnicos competentes está na verdade, sendo administrado, por ingênuos e amadores. Pior que isso, por vaidosos. Isso na melhor das hipóteses.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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