Por Abdon Marinho
Conforme afirmado no texto de ontem sobre a divulgação dos dados sobre o crescimento do Maranhão, no qual sem contestar os números indagava a falta de sintonia com a realidade, acho oportuno acrescentar mais alguns dados.
Como sabemos, o Brasil possui 27 estados e um Distrito Federal, nestas unidades estão dispostos os 5566 municípios.
Pois bem, dos 100 municípios com a renda per capita mais baixa do país, 49 são maranhenses. Sobram, apenas 51, entre os mais pobres para dividir entre os demais 26 estados. Por um município, apenas, não ficamos com a metade, confiram a relação que contém a posição do município a renda per capita mensal:
Posição/Município / renda em R$.
5466 Água Doce do Maranhão 172,55; 5470 São João Batista 171,53; 5471 Turiaçu 171,50; 5473 Conceição do Lago Açu 170,79;5478 Santa Quitéria do Maranhão 168,77; 5482 Palmerândia 167,06; 5486 São João do Caru 165,38; 5487 Vargem Grande 165,37; 5488 São João do Sóter 165,10; 5490 Bom Lugar 164,44;5491 Altamira do Maranhão 164,24; 5492 Presidente Sarney 164,13;5493 Morros 164,07; 5495 Mirador 163,97;
5496 Duque Bacelar 163,87; 5498 Formosa da Serra Negra 163,15; 5502 Araguanã 161,57;
5503 Mata Roma 161,49; 5508 Paulino Neves 159,46; 5512 Lagoa Grande do Maranhão 153,30;
5517 Buriti 157,21; 5518 São Raimundo do Doca Bezerra 156,40; 5522 Icatu 154,09; 5523 Pedro do Rosário 154; 5524 São Roberto 153, 65; 5525 Nina Rodrigues 152,75; 5527 Bacurituba 152,38; 5532 Afonso Cunha 149,78; 5533 Presidente Vargas 149,19; 5537 São Benedito do Rio Preto 147,34; 5538 Cajapió 145,01; 5540 Alto Alegre do Pindaré 144,91; 5541 Milagres do Maranhão 144,42; 5545 Santa Filomena do Maranhão 140,76; 5546 Itaipava do Grajaú 136,77;
5547 Cajari 136,39; 5550 Santo Amaro do Maranhão 135,04; 5551 Matões do Norte 133,33;
5552 Presidente Juscelino 133,03; 5553 Satubinha 131,73; 5555 Primeira Cruz 129,85;
5556 Santana do Maranhão 127,77; 5557 Jenipapo dos Vieiras 127,24; 5558 Humberto de Campos 125,91; 5559 Serrano do Maranhão 123,44;5563 Cachoeira Grande 110,65;
5564 Belágua 107,14; 5565 Fernando Falcão 106,99; 5566 Marajá do Sena 96,25;
Como dizíamos, o crescimento alardeado é artificial, não refletido a situação real em que vive a população. Como podemos acreditar num crescimento real se o estado reúne sozinho quase a metade daqueles considerados os mais pobres do Brasil.
Apenas para efeito de ilustração, a renda per capita mensal do município mais pobre do país, o nosso Marajá do Sena é de menos de R$ 100,00 (cem reais) por mês, mais precisamente R$ 96,25 (noventa e seis reais e vinte e cinco centavos). Visualizem é algo como a pessoa ter que viver com apenas R$ 3,20 (três reais e vinte centavos) por dia. Que crescimento é esse?
Na outra ponta, entre os 100 municípios com a mais elevada renda per capita mensal, não encontramos nenhum dos nossos municípios, “unzinho” que fosse para fazer remédio, como dizíamos no interior, encontramos. O município com a melhor renda per capita mensal, São Caetano do Sul (SP), tem a renda de R$ 2.043,74 (dois mil, quarenta e três reais e setenta e quatro centavos) comparem e vejam o abismo de diferença que há. Não precisa comparar com primeira em renda comparem com a 100ª, Atibaia (SP), com renda de R$ 1063,52 (mil e sessenta e três reais e cinquenta e dois centavos), vejam que a diferença ainda é muito grande.
Como disse no texto anterior, não costumo brigar com os números, apenas me permito confrontá-los com outros números, inclusive aqueles do mesmo instituto.
Os números que atestam nosso crescimento, inclusive quanto à renda per capita, não podem deixar de considerar estas informações. Analisados os números sem a participação econômica dos enclaves econômicos teríamos números não muito diferentes dos que assombram o continente africano.
As autoridades precisam entender que o crescimento do Maranhão deve ir além de algumas obras cosméticas, uma pintura de rua ali, um prédio acolá, o verdadeiro crescimento deve consistir num programa integrado que contemple retirar os nossos municípios da situação vexatória em que se encontram.
Fora disso, esse blá-blá-blá todo não passa de conversa fiada.
Abdon Marinho é advogado eleitoral