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O ódio do pequeno ditador

Por Abdon Marinho

Apesar de ter chegado onde chegou, o que considerando todas suas condições, não é pouca coisa, muito pelo contrário, é um feito estupendo, o Sr. Lula carrega consigo uma enorme frustração. O contraria, sobremaneira o fato de não ter fundado o Brasil. Pois é, por mais estúpido que possa parecer, ele carrega essa insatisfação. Queria ter aportado aqui para poder dizer que fora o fundador do país.

Como não consegue retornar o tempo, ele se contenta em desempenhar o papel de ditador, colocar-se acima das instituições republicanas e exercer um mandato que não lhe foi outorgado por quem deveria outorgar: o povo.

A estratégia para formação e consolidação desta ditadura disfarçada de democracia é a mesma usada desde sempre ao longo da história: consiste em dividir a sociedade, buscar falsos bodes expiatórios e colocar o povo contra eles.

Desde que chegou ao poder em 2002 esse tem sido o norte. Um rápido exame na história do país veremos que a sociedade brasileira nunca esteve tão dividida. Levam ao extremo uma luta de classes (embora nunca tenham desprezado o luxo e os confortos dos abastados) e até mesmo o ódio racial. Assim plantam aqui e ali o fim das políticas sociais caso não permaneçam no poder, como estratégia para o clima de luta de classes. Adiante exploram uma divisão racial entre o povo. Os mais antigos não lembram de divisão racial entre o nosso povo. Hoje há. Aqui existia e ainda existe uma mistura, uma miscigenação constituindo o nosso povo. Não se ouvia expressões como: “elite branca”. Muito menos como uma oposição ao resto da população parda, mulata ou negra. Agora há isso no nosso país. Os protestos que materializaram em vaias não são oriundo da “elite branca” como repetem em uníssono os governantes, na sanha divisionista da sociedade, é do povo, de uma pequena parcela que sustenha a nação e está cansada de testemunhar tantos acintes.

Até as políticas afirmação tratou de fazer isso, não sem razão, através de cotas raciais. Nas universidades existes comissões raciais encarregadas de verificar de aqueles estudantes que se declararam negros, efetivamente o são. Teremos esse tipo de aberração também na execução das cotas para o serviço público que destina 20% (vinte por cento) para os que se declararem negros. Os ingênuos, tolos ou mal intencionados, acham que esse tipo de política representa um avanço, mas não conseguem entender que o que menos importa aos governantes seja isso. Interessa-os, sim, e ninguém parece enxergar, é divisão da sociedade brasileira, agora também pelo odiento critério racial.

Fomentam a divisão da sociedade como estratégia política, o Brasil dos pobres, negros de um lado, do outro o Brasil da elite branca. Fomentam o ódio entre o povo e fazem isso com tanta eficiência que muitos brasileiros acabam por cair nas armadilhas do racismo, da divisão entre o nosso povo. Tudo é feito com o propósito de se manterem no poder a qualquer custo. Nos ambientes privados não dispensam os mimos dos banqueiros, as doações dos empreiteiros e os serviços dos doleiros, conforme se divulga quase todos os dias.

Mas, como dizia, o Sr. Lula, o patrono da divisão racial e do ódio de classe entre os brasileiros, não se contenta com isso, trabalha também de forma incansável para desacreditar as instituições, se não é pelo aparelhamento, é pelo descrédito de seus integrantes e membros. Ainda hoje, como forma de atacar a Polícia Federal diz que o mensalão foi uma farsa. O que é isso senão esculhambar com a PF que investigou, com o Ministério Público que denunciou e com Supremo Tribunal Federal que condenou a cúpula partidária a dar um expediente, durante um tempo, no presídio da Papuda?

Vestido na roupa de ditador não cansa de atentar contra as instituições. Agora mesmo, sobre as incontáveis denúncias de corrupção na copa – essas coisas que até o mais gabado dos cidadãos sabem que há, por exemplo como é possível que uma reforma custe mais de um bilhão, como é o caso do Maracanã? – saiu-se com mais uma vergonha. Disse o distinto que o TCU tem um ministro designado só para cuidar da corrupção nas obras da Copa. e completou: “Até agora, esse ministro não se pronunciou. Eu trouxe ele para uma conversa comigo. Ele falou que não tem corrupção. Eu falei: se não tem, por que não fala? ‘Ah, porque não é o meu papel. Meu papel é só acusar’.” Isso foi dito pelo senhor Lula, publicamente, durante um evento do seu partido.

Alguém se deu conta da gravidade destas palavras? Quer dizer que é normal um cidadão que não é nada além de cidadão pode convocar um ministro do TCU para conversar com ele “eu trouxe ele para uma conversa comigo”, e está tudo bem? O TCU confirma que um dos seus ministros seja levado para ‘conversar’ sobre seus processos em curso, com um senhor que não é nada na República e ainda que fosse, os ministros do TCU têm autonomia funcional, e está tudo bem? O TCU inteiro está sob suspeição, inclusive pelo silêncio diante de tão grave afirmação.

E essa não é a primeira vez que esse senhor faz algo do tipo. Com o Supremo fez algo semelhante, numa tentativa de chantagem contra um dos seus ministros que publicamente denunciou a patranha.

Agora faz o mesmo com o TCU. O pior é que a sociedade não se dá conta da gravidade destes fatos. Vai deixando passar as sandices como a ignorar o poder deletério de suas palavras para as instituições.

Exercem a presidência da República por interposta pessoa sem se submeter aos controles e limites estabelecidos pela Carta republicana, afronta as instituições sem qualquer assombro, dissemina o ódio e a divisão da sociedade sem constrangimento.

Como disse anteriormente, não me recordo de, em tempos recentes, ver a sociedade brasileira tão dividida, os processos eleitorais parece guerras. Salta aos olhos a desconfiança que começar a vicejar entre os brasileiros. Isso não acontece do nada, é pregado diuturnamente pelas liderança políticas que vêem nessa divisão uma estratégia para se manterem no poder. Não apenas no poder, mas como protagonistas de uma hegemonia política. Votem em nós, somos os defensores dos pobres, somos os defensores dos negros, dos desvalidos e por aí vai. São multidões sendo usadas, nas suas necessidades, como exército de reserva no projeto hegemónico de poder onde o Sr. Lula almeja ser o seu pequeno ditador.

Abdon Marinho é advogado eleitoral.

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