Fumar maconha pode levar a uma perda de volume cerebral em indivíduos em risco de desenvolver esquizofrenia, mostra pesquisa publicada este mês pela revista científica British Journal of Psychiatry.
O estudo, coordenado pelo médico Killian A. Welch, da Universidade de Edimburgo, comparou “as mudanças estruturais no tálamo e na amígdala-hipocampo ao longo do tempo em 57 pessoas com idade entre 16 e 25 anos que estavam bem, mas que tinham um forte histórico familiar de esquizofrenia.Cada uma das pessoas passou por uma avaliação completa, incluindo um exame de ressonância magnética. Dois anos mais tarde, cada um deles retornou para outra ressonância magnética e responderam a perguntas sobre o uso de drogas ilícitas, inclusive a maconha, bem como seu uso de álcool e tabaco no período entre os exames.Dos 57 participantes, 25 tinham usado maconha entre as duas avaliações.”
Concluiu a pesquisa: “Os pesquisadores descobriram que os participantes que tinham usado maconha mostraram redução do seu volume talâmico que foi significativo no lado esquerdo do tálamo (F = 4,47, P = 0,04), e altamente significativos à direita (F = 7,66; P = 0,008). No entanto não se observou nenhuma perda de volume do tálamo naqueles que não fizeram uso de maconha durante o período de 2 anos.”
Em entrevista ao site Medscape Medical News, afirmou o autor da pesquisa , dr. Kilian Welch:
“Já é aceito pela maioria dos psiquiatras que fumar maconha aumenta o risco de psicose no indivíduo, e mais especificamente a esquizofrenia .Este é o primeiro estudo longitudinal a mostrar que o consumo de cannabis por indivíduos com risco aumentado de esquizofrenia resulta em desenvolvimento cerebral de maneira diferente daquela como se desenvolve se não usar a droga,” observou o Dr. Welch.
“Estas são pessoas que estão bem, não são psicóticos, em quem o uso da droga está associado à perda de volume em uma estrutura cerebral crítica. A explicação mais provável para isso, claramente, é que a exposição ao cannabis está causando essas anormalidades de desenvolvimento do cérebro “, enfatiza o pesquisador.
“O tálamo é uma estrutura cerebral muito importante, que age como um processador de informações e como estação de retransmissão para o cérebro”, ele explica. “Dado esse papel de interligação entre as diversas regiões do cérebro, qualquer coisa que afete sua estrutura e, supõe-se conseqüentemente, a sua função, seria de se esperar por consequências generalizadas e potencialmente devastadoras”.
Colaboração: Milton Corrêa da Costa