De O Globo
As fraudes nas assinaturas de apoio à criação do partido Solidariedade, do deputado federal maranhense Simplício Araújo, atingiram até mesmo uma autoridade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão administrativo e fiscalizatório do Poder Judiciário.
A vítima, desta vez, foi Bruno Dantas, conselheiro do CNJ até agosto deste ano. Como a ficha foi apresentada ao cartório em julho, Bruno ainda exercia a função no Conselho.
Bruno é servidor do Senado e, assim como diversos outros funcionários que tiveram seus nomes coletados indevidamente das fichas do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo (Sindlegis), acabou tendo sua assinatura falsificada pela equipe recrutada pelo Solidariedade para alcançar as 492 mil firmas de apoio necessárias à criação do partido controlado pelo oposicionista Simplício Araújo no Maranhão.
A falsificação é grosseira. Mostra uma caligrafia infantilizada, com letras arredondadas. Ao observar a ficha de apoio à criação do partido Solidariedade, Bruno Dantas não teve dúvidas e confirmou a fraude de que foi vítima: ‘A assinatura não é minha’, reforçou o ex-conselheiro.
No início de setembro, o promotor Mauro Faria pediu à Polícia Federal abertura de inquérito para apuração das fraudes na formação do Solidariedade. Uma denúncia apontou o uso de assinaturas falsas, já certificadas, nas fichas de adesão. A suspeita é que cerca de dois mil cidadãos, do cadastro de sócios do Sindilegis, foram para a lista de fundadores do partido de Paulo Pereira da Silva.