Por vários anos, o ex-gestor da Saúde, Ricardo Murad e a sua família mantiveram relações perigosas com políticos e empresários que os beneficiaram de todas as formas e que foram descobertas pelas autoridades policiais. Uma delas foi financiamento das campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014, que resultaram na eleição de seus candidatos.
Um exemplo disso é uma conversa interceptada de um dos alvos da operação Sermão aos Peixes, deflagrada pela Polícia Federal em 18 de novembro, em São Luís e no interior do Maranhão, Rômulo Trovão.
Em uma das ligações telefônicas gravadas, Trovão conversa com Jorge Mendes, secretário adjunto estadual de Saneamento e Obras, do governo Roseana Sarney, sobre uma obra na maternidade Nossa Senhora da Penha, localizada no Anjo da Guarda a pedido de Murad.
No diálogo, Mendes afirma que eles tem concluir a obra, pois Murad, exige o término. “To aqui com o Ricardo. Ele quer pra gente concluir aquele negócio lá… é só a colocação das portas lá do… lá do Anjo. Nossa Senhora da Penha” afirmou o ex-gestor de Saneamento e Obras.
Segundo a Polícia Federal, a obra da maternidade foi reformada às pressas para ser inaugurada ainda na gestão de Ricardo Murad, pois ele iria sair do governo.
Ainda durante a conversa, Jorge Mendes afirma que Murad precisa inaugurar o prédio, mas para isso precisa colocar as portas. Rômulo, mesmo sem ter vínculo algum com a reforma, aceita o pedido. “Tá Jorge, tá certo…Eu vou ver aqui, vou ligar pra Alan e vou ver. Agora eu não tenho nada a ver com essa obra! Nem a Tempo (Tempo Engenharia) nada a ver com essa obra, mas…” finaliza o diálogo irritado.
Esse diálogo mostra o quanto o ex-secretário de Saúde era influente dentro do governo estadual.
Rômulo Trovão é sobrinho de Ricardo Murad e um dos proprietários da Tempo Engenharia, que manteve contratos com a SES e foi arrolada no inquérito instaurado pela Polícia Federal que apura os desvios de verbas federais do Sistema de Saúde do Maranhão.