Por Milton Corrêa da Costa
Canhões e mísseis voltados para o espaço aéreo do Rio de Janeiro. Navios da obsoleta esquadra brasileira -não possuimos sequer um submarino nuclear- no reforço ao patrulhamento marítimo em águas do litoral. Milhares de profissionais das forças de segurança federais e estadual dispostos em pontos estratégicos, além de agentes de trânsito municipal. Centenas de homens empregados nas proximidades e no interior de hotéis da Zona Sul e da Zona Oeste e em rotas de deslocamento de comitivas de 150 chefes de estado e de governos e de outras altas autoridades representando um total de 193 países filiados à ONU (Organização das Nações Unidas). Detectores de metais, aparelhos detectores com raios-x e rigorosa revista pessoal no interior do Riocentro. Trechos de vias interditados e segurança máxima nas cercanias do Riocentro. Rastreamento, reforço e atenção máxima na segurança de aeroportos, principalmente no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Escals de vôo remanejadas. Espaço aéreo fechado durante os dias da reunião de cúpula.
Feriado escolar e ponto facultativo em repartições públicas federais, estaduais e municipais nos dias 20, 21 e 22 próximos. Sistema de segurança contra à possível ameaça e paralização do funcionamnto das redes sociais. Apelo das autoridades para que motoristas evitem deslocarem-se com seus veículos particulares na Zona Sul e na Barra da Tijuca principalmente na semana que se inicia onde a Rio+20 decidirá sobre o texto final da futura Carta da Terra. Sofisticado Centro de Operações e Controle de Segurança, com câmeras e computadores instalados na sede do Comando Militar do Leste Escalas de serviço reduzidas para todo o efetivo de segurança envolvido no megaevento.
Tudo isso e algo mais fazem parte do sofisticado e minucioso planejamento que visa garantir a segurança plena da realização da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Esta é a imensa responsabilidade e competência da ONU e do Brasil contra a possibilidade de qualquer forma de atentado à segurança de dignitários e à boa marcha do evento. Os olhos do mundo estarão voltados para nós que sediaremos, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, já em 2013, o Encontro Mundial da Juventude Cristã (2,5 milhões de jovens de todo mundo participarão do evento) e a Copa das Confederações, além da partida final da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Aos adeptos da ilusão e certeza da invulnerabilidade não custa lembrar que o mundo, nos últimos quarenta anos, têm sido alvo de atentados terroristas e suicidas a diferentes alvos e autoridades. Não se esquecer do atentado aterrorista de que foram vítimas, durante a relaização dos Jogos Olimpícos de 1972, em Munique, os atletas israelenses em seus prórios alojamentos. Tal lamentável episódio foi retratado mais recentemente no excelente filme “Munique”. Em 04 de novembro de 1995, o ex- primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin, prêmio Nobel da Paz 1994, foi morto por umjovem judeu, em Tel Aviv, a cerca de dois metros de distância de sua segurança pessoal, num país que exporta para o mundo know how de serviços de inteligência e de segurança pessoal de dignitários. A inteligência israelense falhou naquele momento e não podia falhar. Yitzhak Rabin morreu.
Em 11 de setembro de 2001 os EUA, a maior potência armada do planeta, foi surpreendido pelo ataque impensável às Torres Gêmeas do World Trade Center. Cerca de 2.300 pessoas morreram numa tragédia jamais imaginada. O terrorismo islâmico, estando hoje a Al Qaeda subdivida em redes no mundo, inclusive na América do Sul , surpreendeu os americanos e teve êxito na missão suicida. Os americanos não eram tão invulneráveis assim como pensavam.
Os israelenses em 1995 e os americanos, a partir de 11 de setembrode 2001, aprenderam para sempre que por mais que um serviço de segurança seja bem planejado e teoricamente intransponível, na prática a segurança jamais será absoluta. É bom que se tenha em mente tal postulado. A conferência Rio+20 coloca a ONU e o Brasil, mais do que nunca, sob um teste de responsabilidade máxima perante o mundo. Toda atenção no cumprimento da difícil missão será pouca. Não se pode esquecer disso nenhum segundo. Não há alvos e obstáculos intransponíveis no mundo. Entenda-se.
Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio deJaneiro e estudioso em segurança pública.