Por Dr.Santiago Servin
Amanhã completo quase sete meses como secretario, período sofrido, difícil, mas com algumas conquistas, conheci muitas pessoas algumas muito preparadas, inteligentes e bem intencionadas, porém subutilizadas por questões políticas, já outras despreparadas para os cargos que exerciam mais ocupando estes por exigência política de outros mais poderosos, realmente uma pena, pois isto dificulta muito o andamento do sistema dentro da secretaria.
Na lista dos meus sonhos a serem realizados nunca esteve o de ser secretario municipal ou de qualquer cargo político, mas aconteceu por vários motivos e principalmente pelo desejo de querer fazer alguma coisa pela saúde, tentar deixar uma marca, algo quase que impossível quando as intenções são boas.Entrei com vontade, querendo tudo para ontem, como bom cirurgião que sou, mas me deparei não com uma muralha e sim com varias de vários tamanhos, algumas muito altas e lógico com bendito período eleitoral, que não permite que se tome praticamente nenhuma medida política ou administrativa de grande porte.
Descobri assim, que as coisas não são como eu imaginei e logo de inicio encontrei um longo e difícil caminho que em vários momentos me levaram a pensar em desistir, mas me mantive firme apesar das pressões que sofri, apesar da politicagem a qual a saúde é submetida, apesar dos políticos irresponsáveis que só pensam em manter o mandato e não se preocupam com a vida das pessoas. Alem de que eu tinha dado a minha palavra, de que me manteria firme ate o final.
A ajuda dada pela secretaria estadual de saúde foi uma decisão minha, foi um pedido de socorro, pois o risco que corríamos em prejudicar um inocente era grande, alem de levar a culpa por isto. Estávamos sozinhos apagando incêndios que estavam cada vez mais difíceis de serem controlados, os políticos não entendem e nunca vão entender isto, só quem é técnico e trabalha na ponta sabe do que estou falando.
O estado demonstrou ser efetivo e preciso, ajudou muita gente necessitada, nós estávamos quase que impossibilitados de resolver os problemas destas pessoas, acredito que a única forma que o governo tem de fazer saúde sem misturar com a política é dar as mãos e trabalhar juntos.
Muitos falaram mal da minha pessoa por ser paraguaio ou por ser mais técnico do que político, político não sou mesmo, mas paraguaio sou e com orgulho, mas também sou brasileiro naturalizado há quase 10 anos, sou casado com uma maranhense e tenho uma filha maranhense (sou maranhense de coração, quem me conhece sabe muito bem disso), formei na UFMA há mais ou menos 18 anos, sou especialista em cirurgia geral pela UFMA e especialista em Coloproctologia, sou cria do Socorrão (adoro emergência); ando pelo socorrão há quase 22 anos, sei de todos os problemas destes hospitais, pena que não tive tempo e nem autonomia de pelo menos tentar resolver alguns deles.
Estes problemas podem ter piorado no último ano, mas sempre existiram e todos sabem quais são (superlotação, falta de autonomia da direção destas unidades, subfinanciamento, manipulação política da emergência, etc.), os políticos parecem não querer ou pode também não ser de interesse deles resolver estes problemas, talvez manter estes pacientes no fio da navalha, seja mais beneficioso politicamente, sinceramente não consigo entender; espero sinceramente que o novo prefeito e a nova equipe da secretaria de saúde (tenho Fé nesta nova equipe) tenham consciência e deixem a política de lado ao cuidar da saúde, elas duas não devem ser misturadas de forma alguma, talvez esta seja uma das soluções para o problema da saúde do município, negociar sem querer tirar vantagem e pensar nas pessoas que precisam destes serviços.
Finalizando queria agradecer as pessoas que me tiveram paciência me apresentaram e ensinaram sobre algumas coisas das quais realmente não tinha nem ideia da sua existência e muito menos como funcionava (SUS, política de saúde, gerenciamento de pessoal, ministério da saúde, conselho municipal de saúde, comissão intergestora regional, CIB, etc.), não é tão difícil quando se tem as pessoas certas do seu lado, praticamente me pegaram pela mão. Não vou citar nomes, pois posso esquecer injustamente alguns. Do fundo do meu coração agradeço a todos com quem trabalhei durante estes sete meses e peço desculpas a quem dei mais trabalho.