Por Milton Corrêa da Costa
“Álcool, outras drogas e a segurança no trânsito: efeitos, responsabilidades e escolhas”, foi o tema escolhido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para a Semana Nacional de Trânsito comemorada, anualmente, entre 18 e 25 de setembro.
No entanto, se considerarmos alguns dados estatísticos sobre o número de mortes e casos de invalidez ocorridos na violência diária do trânsito brasileiro nada há a comemorar, apenas lamentar o contexto de imprudência e insensatez ao volante de um carro ou na direção de uma moto.
Numa recente pesquisa, empreendida pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, num universo de mais de 300 acidentes observados, detectou-se que uma em cada cinco vítimas de acidente de moto na cidade de São Paulo havia havia consumido álcool ou algum outro tipo de droga antes do acidente: 7,1% tinham consumido álcool e 14,2% droga ilícita, em maior número maconha e cocaína.
Já o seguro obrigatário DPVAT( Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres) aponta para um total de 60.752 mortos em acidentes de trânsito no Brasil em 2012, 4% a mais que em 2011, e um total de 352 000 casos de invalidez permanente. Ou seja, a cada cinco dias morre, na barbárie do trânsito brasileiro, o mesmo número de vítimas fatais do recente e mais sangrento confronto da guerra civil do Egito, onde sucumbiram mais de 800 pessoas.
Temos a maior taxa de mortalidade no trânsito no mundo (31,3 mortos para cada grupo de 100 000 habitantes) onde a violência no trânsito já é a segunda maior causa de morte no país. Registre-se ainda que metade das 7 000 crianças, com menos de 7 anos de idade (infração de trânsito gravíssima) que ficaram inválidas no trânsito em 2012 estava na garupa de motos.
Milton Corrêa da Costa é tenente coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro