Por Marçal Ribeiro Constâncio
“Ê Maranhão que noite linda…”. Quisera o nativo desta terra ter apenas uma noite linda entre os trinta dias de muita festa que ecoa por todo o estado. Quando chega Junho, o nordeste em si respira os ares mais genuínos de sua cultura. O resto do país corre para ver, nas nove províncias desta região, as belezas culturais e típicas de cada solo. As quadrilhas, os fogos, o milho, a tapioca, o forró, os sotaques do bumba meu boi… Essas e outras iguarias atraem não só os brasileiros órfãos de tal cultura, como também os estrangeiros que degustam dos sabores do nordestino brasileiro.
Em especial, no Maranhão a diversidade aflora. Seja nos ritmos das danças ou na simpatia da sensualidade das coreografias, o brilho e as cores distintas das indumentárias que cada brincante veste acaba encantando quem prestigia as apresentações das infinitas atrações que chegam a cada arraial.
Na mídia o melhor e maior São João fica na terra do forró, onde os festivais de quadrilhas e o arrasta pé do baião conseguem atrair vários turistas. Mas será que a diversidades de sotaques não é o suficiente para propagar a rica cultura de um estado pobre e analfabeto?
Cacuriá, danças: do coco, lêlê, portuguesa, boiadeiros, tambor de crioula e o bumba meu boi são algumas das manifestações culturais que os maranhenses passam meses pesquisando e ensaiando para levar aos terreiros as belíssimas apresentações que sendo ou não genuinamente do estado, encantam pela forma que são produzidas.
“Se não existisse o sol o homem viveria na escuridão…” e, diga-se de passagem, que sem as festas juninas nada seria do maranhense. Nas folias de momo, que todo o país comemora, acabamos quase que fazendo o mesmo que os nossos irmãos da “pátria amada”: fantasiados, sujos de maisena e correndo atrás dos batuques nas ruas e ladeiras da cidade. Mas quando é tempo de soltar balão e acender as fogueiras, os ânimos deste povo são bem maiores.
No calor das fogueiras os apaixonados pela maior riqueza deste solo, aquecem os pandeirões que vão dar as marcações dos distintos sotaques do bumba meu boi. As matracas repenicam junto com o coro que incansavelmente acompanha o âmo. No terreiro os brincantes encenam a história do desejo de Catirina em comer a língua do novilho do patrão de Francisco… Em cada toada com coreografias índias, rajados, cazumbás, vaqueiros e os caboclos de pena mostram na cadencia dos sotaques a paixão pelo nosso maior bem precioso. No centro da brincadeira o miolo dar vida ao protagonista da festa: o boi.
Oriundo das entranhas dos menos favorecidos, hoje o bumba meu boi é apreciado por todas as classes e todos os povos. Onde se pensava ser a “Jamaica brasileira” nada mais é que a real “terra do bumba boi”.
“Mas como existe tudo isso meu povo…” é para o Maranhão que vou comemorar os trinta dias da festa de São João, que reza a lenda que o mesmo esquece seu dia. Os demais santos juninos, Santo Antonio, São Pedro e São Marçal, este último celebrado especialmente com apresentações de grupos de bumba boi em uma só avenida da capital, juntos abençoam e acompanham toda essa festança que oferece até “boi de lagrimas”.
“Boa noite minha gente foi agora que eu cheguei, fui chegando e fui cantando se é do seu gosto eu não sei”…. Mas se for: Cante e vibre, viva o São João no maior e melhor arraial do mundo e aprecie os Sotaques do Maranhão!