Nervos expostos
A decisão de aliados de Michel Temer de protocolar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um pedido de explicações do ministro Edson Fachin sobre sua relação com Ricardo Saud, lobista e delator da JBS, foi recebida no Supremo como sinal de guerra aberta.
Integrantes da corte veem a iniciativa como uma tentativa de intimidação. Há quem aconselhe o STF a sinalizar que a ofensiva dos deputados da base do presidente pode ser vista como “coação” — um crime, portanto.
Sintoma
Fachin não tem, porém, a solidariedade de todo o colegiado.
Há uma ala do STF que acusa o ministro de excesso de individualismo e inexperiência. Esse grupo lembra que Teori Zavascki, que foi relator da Lava Jato, comunicava o plenário a respeito de decisões polêmicas.
Tão só
Fachin reclama de isolamento e dos reparos que sofre dentro e fora do Supremo. Queixa-se dos ataques e, especialmente, da falta de defesa. O clima na corte anda pesado, com ministros trocando farpas nos bastidores.
Cuida bem de mim
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), mostrou contrariedade por não ter sido ouvido sobre a troca de guarda no BNDES. Foi ao aniversário de um amigo, deixou o celular longe e não atendeu ligações do Planalto. Só deu sinal de vida no dia seguinte.
Caso pensado
Não foi fortuita, aliás, a ausência de Maia na posse do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, na quarta (31). O democrata mantém o discurso de fidelidade ao governo Michel Temer, mas não quer associar sua imagem à tentativa de barrar o avanço da Lava Jato.
Olha eu, PIB
Ventilado como possível sucessor de Temer, Maia quer manter esta semana o ritmo de votações na Casa, apreciando projetos apresentados por deputados até de partidos da oposição.
Bolado
Vivendo no exterior desde que foi alçado ao posto de delator-mor da República, Joesley Batista aumentou as medidas de segurança. Trocou de telefone e restringiu ainda mais o grupo de pessoas que possui seu número e sabe de seu paradeiro.
Polida na imagem
Alvo de críticas por ter conseguido um acordo deveras generoso, os Batista tentam agilizar a montagem de seu plano de combate a malfeitos. Pelo acordo, a J&F tem de colocar R$ 2,3 bilhões em projetos de prevenção à corrupção.
Chamada oral
Nos últimos dias, Temer repassou com seus advogados, Gustavo Guedes e Marcus Vinícius Coêlho, os pontos de sua defesa no TSE. Pretende lembrar que a ex-ministra Maria Thereza Moura delimitou o objeto da ação em 23 pontos — nenhum vinculado a delações.
Vai ter luta
O PT aposta que, mesmo se Temer escapar do TSE e dos pedidos de impeachment, continuará sangrando, alimentando o crescimento de movimentos de rua que pedem eleição direta.
Tipos sanguíneos
O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), passou a ouvir a bancada do partido por grupos: os que querem sair e os que querem ficar no governo. No caso dos mais exaltados, Tripoli tem optado por conversas individuais.
Autocrítica
Integrantes da base aliada dizem que o PSDB perdeu o senso crítico. Avaliam que a sigla não vê que seus principais nomes estão na Lava Jato e que insiste em dividir o Congresso como se o “centrão” fosse o único bloco dos “sujinhos”.
Lista tríplice
Para avançar a reforma da Previdência, o governo atacará em três frentes: fidelidade para
manter cargos, fechamento de questão pela bancada do PMDB e ajuda financeira a Estados e município