Por Abdon Marinho
Ouço os bradares das ruas por onde passo. Leio e lá está a marca da denúncia, do inconformismo. Porque bradam? O que reclamam?
De um lado dizem: O sistema de segurança é caótico; estamos à própria sorte; cada um por si e Deus por todos. É verdade. Outro dia mostrei os números aqui, apenas para citar um exemplo: Em 2002 morreram de morte matada 194 pessoas, em 2013, perdi as contas mas estamos chegando nos quase 750 assassínios, se brincar atingiremos o os quatro dígitos até o final do ano. Esse é um gráfico com curva sempre ascendente.
Do outro lado retrucam: A educação municipal é um escárnio, um deboche. É verdade. Em plena capital do estado ainda se discute apoio a escolinhas comunitárias. Nem vagas suficientes se garante na rede municipal às crianças, falei sobre isso não faz muito tempo. A educação da cidade não acompanhou qualquer tipo de evolução, nem tecnológica, nem científica, nada. Estacionamos em 1983. Daí a discussão sobre os mesmos problemas existentes há 30 anos.
Do outro lado apontam: A educação estadual está entre as piores do do Brasil segundo os dados oficiais. É verdade, todo mundo viu os dados do último censo escolar.
Bradam: A saúde é uma vergonha. É verdade. São condições de guerra as que ocorrem nos hospitais, com pessoas sendo atendidas ou não nos corredores é de deixar qualquer um assustado.
Bradam: A saúde estadual não cumpre seu papel nas suas complexidades, sendo responsável pela procissão de ambulâncias que ainda hoje vem para cidade. É verdade. Quem viaja pelo interior acompanha as ambulâncias vindo para capital do Maranhão, do Piauí ou do Pará.
Bradam: A cidade está esburacadas, as obras estão mal feitas. Não precisa ir muito longe para ver, né?
Bradam: As rodovias estaduais estão ruins, as obras são mal feitas e se desmancham antes do primeiro inverno. Muitas são apenas caminhos asfaltados, fazendo com que muitos que moram nas regiões limites com outros estados prefiram usar as rodovias destes. Trata-se de uma verdade ululante.
Os bradares alcançam outros setores tais como gestão, favorecimentos, corrupção. Tudo mais que se possa imaginar.
No geral não temos muita razão para discordar. Na verdade, podemos dizer, talvez com algum reparo aqui e ali, que estão todos certos.
A desgraça do Maranhão é que nas críticas mútuas nossos representantes estão todos certas. Todas essas mazelas estão abertas como chagas a assombrar a todos desde sempre e parece que só piora.
Quem é o louco a não reconhecer e a ignorar os números da violência, o sistema desumano e perverso dos presídios? Talvez o secretário, pois até a governadora já reconheceu e chamou reforços, decretou emergência, etc.
Quem ignora a situação caótica da educação, quando em pleno século 21 temos crianças estudando sentadas no chão, escrevendo sobre mochos, comendo farinha com café, estudando em escolas comunitárias porque a oferta de vagas não é suficiente? Quem ignora os números que apontam a educação na rabeira da fila das escolas avaliadas? Quem desconhece que as escolas, sejam elas de qualquer rede pararam no tempo? Os insanos, os loucos de qualquer gênero.
Quem ouça duvidar da via-crúcis que é um atendimento na rede hospitalar, qualquer delas, um tratamento de média, alta complexidade? Um tratamento que exija equipamentos sofisticados? Um tratamento fora do domicílio? Acredito que ninguém. Ano passado narrei a todos o sofrimento que passou um amigo que a única coisa que precisava era um “balão de oxigênio” e que, apesar de uma decisão judicial obrigando o estado a fornecer, ele morreu sem ser atendido. Esse é o nosso estilo de ter uma saúde de ponta.
Quem desconhece a situação das avenidas, das ruas dos bairros, das rodovias estaduais, que embora se tenha feito algumas, a qualidade deixa muito a desejar e que não durarão dois invernos, talvez menos? Só os que não saem de casa.
Quem nunca ouviu falar que em todos os negócios do Maranhão tem um grupo que sempre ganha o seu? Será verdade? Quem ousa duvidar?
É assim: Os políticos do Maranhão, nos seus bradares, estão todos certos, principalmente quando apontam um dedo para o adversário com três outros voltados para si, o estado é como aquela casa em que falta pão, todos falam e ninguém tem razão, como bem ensinava meu pai, com sua sabedoria de analfabeto.
Será que não compreendem que a estagnação da educação desde os anos oitenta repercute na violência de hoje? O mesmo se dando com relação a saúde? Ou que a corrupção é causa e efeito de todas as mazelas?
Essa é nossa maior desgraça: os nossos políticos estarem certos.
São os sujos falando dos mal-lavados que falam dos encardidos que falam dos desbotados.
É uma lazeira só.
Abdon Marinho é advogado eleitoral.
Tudo verdade. Ponto por ponto, virgula por virgula. O Maranhão é o exemplo real do que a politica suja é capaz de transformar o estado de maior potencial do nordeste em um dos mais atrasado do país. O pior é ter que ler devaneios do maior lider politico do estado que insiste em pregar um maranhão que só as seus olhos existe ou pura e simplemente para agradar a filha. Alguém ja notou que o Maranhão é um dos estado pouco se empenha na busca por convênios federais, preferindo trabalhar somente com os recursos do tesouro estadual. Enquantos alguns governadores lutam por convenios federais , transformando-o seus estados em canteitos de obras, o maranhão pena sem quase nenhuma obra urbana de grande porte que dimunua o caos em que vivemos na área do transito. A resposta para isso é simples: Dinheiro Federal é devidamente fiscalizado e o seu desvio tende a gerar muitas dores de cabeça. No Maranhão fiscalização é palavra proibida , que o diga o nosso acéfalo MP.